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É pouco recomendável raciocinar sobre as possibilidades que tem Gustavo Bebianno de fazer revelações bombásticas sobre Jair Bolsonaro. A mágoa, nestes casos, costuma ir ficando menor que o bom-senso de evitar a briga…

É pouco recomendável raciocinar sobre as possibilidades que tem Gustavo Bebianno de fazer revelações bombásticas sobre Jair Bolsonaro.

A mágoa, nestes casos, costuma ir ficando menor que o bom-senso de evitar a briga onde, inevitavelmente, terá de apresentar-se como cúmplices de eventuais mal-feitos.

Mais importante é prospectar o alcance político do episódio e ter em mente que, embora haja um crescente número de parlamentares “movidos a redes sociais”, os editorialistas e comentaristas de política continuam sendo referência para a maioria dos políticos relevantes.

E o cenário, nos jornais de hoje – e será pior amanhã, domingo – é devastador para o cacife político de Bolsonaro.

Paulo Celso Pereira, diretor da sucursal de Brasília de O Globo, é direto a prever consequências:

No momento em que o governo se prepara para encaminhar ao Congresso sua proposta de reforma da Previdência, a pergunta em Brasília é: se Bebianno, que demonstrava lealdade canina a Bolsonaro muito antes de este chegar ao Planalto, saiu achincalhado, que tratamento devem esperar os neoaliados que se dispõem a apoiar o governo circunstancialmente?

A Folha, em editorial, constata que:

Tudo que Bolsonaro conseguiu foi alimentar desconfianças ao seu redor. Num momento em que precisa buscar apoio para uma ambiciosa reforma da Previdência, o preço a pagar logo ficará claro.

Sua colunista Juliana Sofia, ainda mais duro bate, comparando a situação de Jair Bolsonaro à do morto-vivo Michel Temer após Joesley Batista:

O mais recente [zumbi] enfrentou do terceiro andar do Planalto a maldição da JBS e viu seus planos de aprovar uma nova Previdência serem sepultados em cova rasa. Assim como Michel Temer não tinha os votos para mudar as regras das aposentadorias, Bolsonaro também ainda não os tem. 

Estadão, que disputa com a Globo o título de “campeão da reforma da Presidência” – a Globonews já adotou até a expressão “Nova Previdência”, da publicidade preparada por Paulo Guedes – também está preocupado com o “encarecimento” da aquisição de deputados para aprovar a emenda constitucional:

Não à toa, ouvem-se nos corredores do Congresso comentários sobre o prejuízo político das múltiplas crises envolvendo os filhos do presidente e seu partido, o PSL, base sobre a qual Bolsonaro pretendia construir seu apoio parlamentar. Certamente já há deputados e senadores imaginando o quanto poderão ganhar com a fragilidade gritante de um presidente que tem menos de dois meses de governo, mas que, de tão precocemente desgastado, parece já estar em fim de mandato

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