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O ex-ministro ainda saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticado por alas do partido: “é quase uma covardia não dar apoio total a ele”

José Dirceu
José Dirceu (Foto: Reprodução/YouTube/TV PT Bahia)

Em uma entrevista recente ao podcast do PT da Bahia, o ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo do presidente Lula (PT), José Dirceu, falou sobre a “disputa político-cultural” no Brasil e afirmou que a direita está ganhando espaço nesse cenário. Ele defendeu uma “atualização política, teórica e de organização” no PT, conforme relata o Estado de S. Paulo.

Segundo Dirceu, não apenas o PL de Jair Bolsonaro, mas também partidos como PP, Republicanos, União Brasil e PSD estão fortalecendo suas posições, construindo novos diretórios pelo país. O ex-ministro destacou a importância de uma reflexão profunda no PT, que está programando um congresso em 2025, para repensar sua estratégia diante desse panorama. “Se nós analisarmos a situação da direita, não é só parlamentar e eleitoral, também diretório, territórios e militância, PP, PR, PL, PSD, União Brasil, eles estão ficando fortes (…) Hoje, o Brasil está muito politizado, e em disputa político-cultural. E a direita está ganhando”. >>> Comissão Interamericana vai apurar se José Dirceu teve direitos violados pelo STF no “mensalão”

Durante a entrevista, Dirceu ecoou autocríticas recentes feitas por Lula sobre a estrutura do partido. Ele ressaltou que, dada a base eleitoral e social do PT, o partido poderia ser “10 vezes maior”. Dirceu apontou para a necessidade de uma atuação mais efetiva na disputa político-cultural e nos territórios, reconhecendo que nos últimos anos o partido recuou diante das mudanças sociais e culturais, incluindo o avanço do fundamentalismo religioso. O ex-ministro reforçou as críticas feitas por Lula durante a Conferência Eleitoral do PT em dezembro de 2023, questionando a eficácia política do partido, que elegeu apenas 70 deputados. 

Dirceu também criticou a falta de apoio interno às propostas econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). “Outro papel do partido é sustentar o governo, apoiar o governo. Quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar. No caso do Haddad, é quase uma covardia não dar apoio total a ele para aprovar todas as medidas que ele queria. Porque todas as medidas que ele queria, transforma o déficit zero num mal menor”. A posição de José Dirceu contraria a postura de uma ala do PT, que inclui a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann. Neste ano, por exemplo, Gleisi sustentou que criticar as decisões do ministro da Fazenda é “um dever” e faz parte da tradição do partido.

Dirceu também apontou para a necessidade de reconstrução do partido, afirmando que o PT pode ampliar seu número de vereadores em 2024, aproveitando a popularidade de Lula em diversos municípios brasileiros. “Acho que podemos ampliar muito o número de vereadores. Lula tem 60% de voto em mais de 2 mil municípios brasileiros. Tem que eleger vereador nesses municípios, nem que seja um, dois. Temos que disputar onde temos chances de vencer em cidades médias e grandes. E temos que nos apoiar nos aliados em que podem vencer. Nosso governo não é só do PT”. Ele enfatizou a importância de parcerias políticas, mencionando MDB e PSD como relevantes aliados do novo governo Lula, apesar das diferenças em questões econômicas. “Sempre digo: o PSD, o MDB e o PT (juntos) são 160 deputados e quase 40 senadores. Isso não quer dizer que vamos ter unidade em questões econômicas”.

Com informações do Brasil 247

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