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Nas últimas semanas, frente à materialização do plano econômico de Bolsonaro/Guedes, a maioria da população se posicionou contrária às medidas que a atual gestão propõe, em especial as privatizações e a reforma da previdência. Há nesses dados um enorme potencial de luta, mas é preciso que as centrais sindicais construam um plano de lutas sério para transformar o repúdio em mobilização.

A pesquisa publicada em 05/01, realizada pelo Datafolha, mostra que 57% da população é contra as privatizaçõese outras medidas de ataques econômicos de Bolsonaro. O ânimo nos mercados é enorme, não apenas pelo lucrativo anúncio das privatizações e a liberalização dos ativos da Petrobras. A suposta “confusão” que se instalou com as declarações confrontadas sobre a reforma da previdência também elevou o ânimo da Ibovespa, que atingiu recorde pós recorde, chegando a 93.805 pontos no dia 10. No mesmo período no ano passado, a cotação não chegava a 80.000 pontos. Em 2017, registrava 61.594.

Em todas as maiores mídias do país, a tendência é fazer propaganda pró reforma da previdência, com um discurso mentiroso de que é assim que se vai resolver o problema da economia nacional. Não faltam dados que mostram que o que mais compromete o orçamento do país é justamente o pagamento da dívida pública, e que na verdade, os privilégios aos políticos e militares custam muito mais do que a aposentadoria dos trabalhadores. Eles querem que trabalhemos até morrer para fazer com que paguemos pela crise que os capitalistas criaram. Há propostas da reforma, por exemplo, que indicam idade mínima igual entre homens e mulheres (65 anos, mais do que se vive em no mínimo três regiões do país), ignorando que muitas mulheres cumprem dupla jornada pela ausência de serviços essenciais que deveriam ser oferecidos pelo Estado – restaurantes públicos, lavanderias, escolas, hospitais. Querem também capitalizar nossa aposentadoria, responsabilizando cada trabalhadora ou trabalhador pela sua aposentadoria, como se faz no Chile, onde as taxas de suicídio entre idosos mostram que privatizar e individualizar a aposentadoria é um dos ataques mais profundos que nossa classe pode sofrer.

Reuniões de cúpula que não transformam um o rechaço às reformas na base em plano de luta

Depois de CUT, Força Sindical, UGT, NCST e CTB assinarem aquele fiasco de carta a Bolsonaro no dia 2 de janeiro, a UGT debandou e agora é base do novo governo pedindo que a reforma seja votada e negociada no congresso. Em nota, o presidente da central, Ricardo Patah, diz que são a favor da reforma da previdência e que “temos um projeto próprio e queremos apresenta-lo ao governo federal”. Na reunião das centrais dessa terça-feira (15/01), composta por dirigentes do Dieese, Força Sindical, CUT, Nova Central, CTB, Intersindical e Conlutas, as direções perceberam que era preciso mudar o discurso e voltar a adotar uma estratégia de pressão e negociação, sentido que já era visível nas entrevistas de Miguel Torres antes da reunião falando em greve geral, ao invés da completa resignação do início do ano. Certamente a base dessa transformação não é qualquer vontade de lutar dessa central (Força Sindical), mas um forte pressão que vem da base, que como dissemos anteriormente, demonstra seu desacordo com o programa econômico de Bolsonaro/Guedes.

Por isso, foi apenas o discurso que mudou. A nova nota aprovada na reunião segue sem convocar nenhum plano na base, reduzindo a plenárias estaduais e nacionais que já ocorreram outras vezes sem a presença de trabalhadores de base, porque a convocação se resume aos aparatos sindicais. A ausência de um plano de luta é explicada pelas centrais como uma necessidade de aguardar o trâmite da proposta chegar no Congresso, e enquanto isso seguem deixando os trabalhadores sem alternativa de mobilização e resistência.

CTB e CUT vão além: introjetaram o golpismo da Força Sindical e seguem legitimando a eleição de Bolsonaro, ignorando que é fruto de um golpe institucional e de eleições totalmente manipuladas, e colocando nos trabalhadores a responsabilidade de Bolsonaro ter sido eleito. Sendo que foram essas centrais as principais responsáveis em não chamar nenhuma medida de resistência nos últimos anos. Atuam conforme a estratégia de oposição parlamentar petista, com o PCdoB de Manuela D’Avilla chegando ao ponto de declarar apoio a Rodrigo Maia na Câmara.

O PT está disposto a fazer os trabalhadores pagarem na carne, sem adotar nenhuma medida de resistência concreta contra os ataques. Deixaram passar sem luta o golpe institucional, a reforma trabalhista, boicotaram distintas jornadas de paralisação nacional em 2017, garantido que Temer não caísse fruto das mobilizações de massas após o 28 de abril de 2017, não organizaram um plano de luta contra o crescimento de Bolsonaro e seguem apostando que um punhado de parlamentares pode ser mais forte que o movimento de massas. Por que a CUT não organiza os sindicatos de professores de SP, os metalúrgicos do ABC, os carteiros e bancários, e as distintas categorias que dirige – todas afetadas pela reforma da previdência – para construir um plano de luta sério, ao invés de oferecer uma “reforma alternativa” que atacará suas próprias bases? Essa paz social serve aos interesses dessa burocracia, que procura defender seus privilégios sindicais e amenizar atritos com Bolsonaro, os golpistas e o autoritarismo judiciário.

A última nota que escrevemos denunciando essa enorme traição das centrais teve um grande alcance, e é em base aos muitos comentários que expressaram desejo de lutar que mais uma vez fazemos um chamado a superar as burocracias, expulsar das direções dos sindicatos esses burocratas golpistas, que seguem apenas buscando formas de manter de pé seus privilégios. É preciso que tenhamos um plano de lutas real para enfrentar a reforma da previdência e as privatizações, não apenas um chamado fantasmagórico de um encontro nacional como o que sai dessa reunião.

Conlutas e Intersindical, centrais dirigidas pela esquerda e que também estiveram na reunião, precisam fazer balanço assim como nós alertávamos de que a cartilha aprovada ano passado estava a serviço de uma linha de negociação por fora de qualquer medida de mobilização, que foi base inclusive para carta assinada do dia 2 de janeiro das centrais (CUT, Força Sindical, UGT, NCST e CTB). Essas centrais dirigidas pela esquerda – que assinaram a cartilha no ano passado – seguem com uma atuação adaptada nessas reuniões de cúpula das centrais, ao contrário de denunciar o papel traidor a partir das suas bases e bastiões no movimento sindical, e exigir que tenha um plano de luta real. Conlutas e intersindical atuam como moderadoras para que saiam posicionamentos unitários, que na realidade são grandes amálgamas que não servem para armar e unificar o conjunto da classe trabalhadora, por ao fim de cada uma dessas reuniões, nenhuma direção da burocracia sindical precisa se comprometer com nada nas suas bases, e não permite que os trabalhadores da base dessas centrais façam experiência com suas direções.

Batalhar por uma frente única operária pressupõe uma política de denunciar e exigências a burocracia sindical, que está mais preocupada com a manutenção dos seus aparatos, do que se os trabalhadores conseguirão resistir aos ataques. Se não mostrarmos claramente isso à classe trabalhadora, a burocracia sindical seguirá sendo um freio de contenção para que as mobilizações se desenvolvam, sem implementar nenhum plano de luta efetivo. O MRT e o Esquerda Diário colocaremos toda nossa força em convocar qualquer ação unificada, junto à defesa de um programa anticapitalista que se proponha a avançar contra essa classe de parasitas que querem nos fazer pagar pela crise. Cada sindicato e entidade estudantil que não quer ficar passivo esperando as entidades nacionais tomarem a iniciativa, especialmente os setores que se colocam à esquerda do PT, como o PSOL, tem um papel a cumprir nesse sentido, batalhando nas entidades por essa perspectiva anti-burocrática para construir um plano efetivo para unificar e massificar a luta da classe trabalhadora.

Essa política de frente única dos trabalhadores, apoiada pelo protagonismo e a combatividade do movimento estudantil, do movimento de mulheres, da força que vimos manifesta nas lutas de professoras e professores em todo o país, na energia do movimento LGBT e da força histórica do movimento negro e dos povos originários, e impulsionada através da auto-organização dos setores em luta, só poderá se desenvolver em aberta luta política contra os aparatos burocráticos no movimento sindical e nas entidades estudantis. É para dar essa batalha que chamamos todos os trabalhadores e jovens e militantes de esquerda que rechaçam o golpismo e a extrema direita, mas não confiam mais na estratégia do PT, a militar em comum no interior de cada local de trabalho e estudo e batalhando por isso nos sindicatos e entidades estudantis contra toda e qualquer forma de reforma da previdência e também o não pagamento da dívida pública e a estatização de todas as empresas que estão sendo vendidas, sendo colocadas para funcionar sob gestão operária e controle popular, única forma de começar a combater eficazmente os esquemas de corrupção inerentes ao capitalismo e ao vínculo das empresas privadas, dos acionistas e do governo.

Marcello Pablito

dirigente do MRT e fundador do Quilombo Vermelho

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