Destinação da verba anima os passageiros, que reclamam, principalmente, da superlotação e dos constantes atrasos. Companhia garante mais agilidade nas viagens, mas a verba não será usada na compra de vagões
Mais conforto, mais pontualidade, mais rapidez. É o que esperam os passageiros do metrô do Distrito Federal, após o anúncio da liberação de R$ 275,5 milhões pelo Ministério das Cidades. Do total, o governo local pretende usar R$ 162 milhões na expansão e modernização da linha laranja. Ela tem cerca de 28 quilômetros de extensão, entre a Estação Central e o Terminal de Samambaia. Pelo projeto, serão construídos 3,7km de trilho e duas estações. Como contrapartida, o GFD aportará R$ 16, 3 milhões para as melhorias técnicas, que permitirão diminuir o intervalo entre um trem e outro — hoje de 3 minutos e 35 segundos, de segunda a sexta-feira, em horários de pico.
Outros R$ 112 milhões devem ser usados na modernização da linha verde, que liga a Estação Central ao Terminal de Ceilândia. O GDF ainda está na expectativa de receber mais recursos para ampliar o trecho de Ceilândia e construir a primeira estação da Asa Norte. As obras devem começar em julho e terminar em 2021. Esta será a primeira grande modernização desde o início da construção do Metrô-DF, na década de 1990.
Cerca 160 mil pessoas usam diariamente o metrô, que começou a operar em 2001, com o trecho que liga Samambaia a Taguatinga, Águas Claras, Guará e Plano Piloto. Desde então, foram inauguradas 10 estações, sendo a mais recente a do Guará, em 2010. A diarista Maria Barbosa, 55 anos, usa os trens todos os dias. Para ela, o maior problema é a baixa velocidade e as constantes interrupções nas viagens. “O tempo de viagem é muito grande. Gostaria de mais rapidez. Alguns trens param no meio do trajeto, e isso atrasa ainda mais”, reclama.
Outro usuário, o eletricista Wendel Alves, 35, reclama das instalações e da falta de segurança em algumas estações. “O policiamento não está em todos os locais. Para um serviço essencial como o metrô, isso é necessário. Também poderia ter banheiros”, observa. Wendel queixa-se também do sistema de ventilação dos vagões. “Nos horários de pico, todos os vagões ficam lotados. Para quem tem algum problema de saúde, isso é muito ruim, porque o ar não circula direito. Como os trens passam por muitos túneis, nós ficamos confinados. A sensação é a mesma de ficar preso em um elevador. Poderiam colocar ar-condicionado ou outra tecnologia para amenizar esse problema”, sugere.
Joelma Francisca, 41, também critica a superlotação. “Já vi pessoas passando mal. Poderia ter mais trens, para ser mais confortável para todos nós”, pontua. Há 24 trens para atender as duas linhas. Poucos e lentos, segundo Joelma “Isso atrapalha o meu horário e me incomoda. Meu chefe fica desconfiado por eu sempre alegar atraso por causa do metrô. Quando estou voltando para casa, também é um problema. Chego cansada. Pagamos caro por um serviço com qualidade ruim”, desabafa. Por sua vez, a secretária Sileia Amorim, 32, relata complicações com o sistema de integração. “Não são todos os ônibus que têm integração. Uma vez peguei um Grande Circular, na certeza de que ele tinha, mas acabei sendo prejudicada. Além de pagar os R$ 3,50 do ônibus, tive de pagar mais R$ 5 no metrô”, cita.
Vagões antigos
A verba oriunda do Ministério das Cidades também vai ser usada na atualização dos sistemas fixos — como energia e comunicação — da linha que leva à Ceilândia, segundo a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF), estatal que administra o transporte. No entanto, não há recurso previsto para a modernização dos comboios.
A companhia alega não haver banheiros públicos nas estações por uma questão de segurança. “É padrão na maioria das estações de metrô, no país e no mundo. As estações são um terminal de embarque e desembarque de passageiros, e os usuários ficam por um curto período. Quando há extrema necessidade, o empregado pode conduzir o usuário ao banheiro interno. No entanto, não é uma rotina”, explica.
Segurança é prioridade
Tanto o Metrô-DF quanto o Sindicato dos Metroviários afirmam que os trens não podem rodar mais rápido, por uma questão de segurança. “Os trens operam em uma velocidade padrão, para oferecer segurança aos passageiros que estão nos vagões. Em vias normais, a velocidade máxima é de 80km/h. Em curvas e nas estações subterrâneas, de 70km/h. Não é possível ultrapassar esses limites”, informa o sindicato, por meio de nota.
Pesquisa encomendada pelo Metrô-DF, no ano passado, indica que o índice de satisfação dos usuários com o serviço chega a 85%. Desses, 38,6% dão nota 8. Os quesitos infraestrutura de serviços nos trens e o serviço de transporte em geral foram os que receberam melhor avaliação. A apresentação pessoal dos empregados também é bem avaliada, tendo um nível de 95,2% de aprovação dos usuários. A estação mais bem avaliada é a 112 Sul.
Por outro lado, cerca de 60% dos usuários gostariam da ampliação do horário de funcionamento do metrô aos domingos e feriados, 34,9% pediram a construção e finalização das estações nas asas Norte e Sul e 26,5%, a expansão para outras cidades satélites. Foram entrevistadas 2.926 pessoas, escolhidas aleatoriamente entre os usuários das 24 estações.
CB