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Pedetista repete o que fez em 2018, quando se omitiu no embate entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro

Ciro Gomes
Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

No segundo turno das eleições para a Prefeitura de Fortaleza, o PDT, liderado por Ciro Gomes, enfrenta um racha interno. O partido decidiu, institucionalmente, pela neutralidade, mas seus principais integrantes estão divididos entre apoiar o candidato petista Evandro Leitão e o bolsonarista André Fernandes (PL). Essa polarização espelha o cenário nacional, onde o embate entre Lula e Jair Bolsonaro ainda reverbera com força.

Ciro Gomes, uma das principais lideranças do PDT, já deixou claro que não irá apoiar o PT, repetindo a postura que adotou em 2018, quando se manteve neutro no segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. “Não serei puxadinho do PT”, afirmou o ex-presidenciável, reforçando o distanciamento que mantém do partido de Lula, mesmo com a aliança formal que existe entre as duas siglas no cenário nacional.

Racha no PDT e apoios divididos

Enquanto o PDT oficialmente mantém a neutralidade, o partido está longe de estar unificado. Seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT em Fortaleza declararam apoio a André Fernandes, enquanto apenas um optou por endossar Leitão. O ex-prefeito da capital, Roberto Cláudio, figura histórica do PDT, também se posicionou a favor do candidato bolsonarista, publicando nas redes sociais que o PT representa uma “fórmula que já deu errado” para a cidade, como aponta reportagem da Folha de S. Paulo.

Em contrapartida, o presidente interino do PDT, André Figueiredo, anunciou apoio ao candidato petista, afirmando que os ideais de Leonel Brizola, fundador do partido, devem ser defendidos ao lado daqueles que lutam pela democracia. “Os verdadeiros trabalhistas jamais se alinharão ao bolsonarismo”, declarou.

Esse apoio de Figueiredo, no entanto, não conseguiu evitar o desgaste interno. A juventude do PDT emitiu uma nota de repúdio contra o apoio de parte dos pedetistas a Fernandes, ressaltando que “trabalhista não vota em bolsonarista”. A divisão no partido reflete o cenário mais amplo de uma campanha marcada pela polarização e pela disputa ideológica, em que antigas alianças estão sendo rompidas e novas configurações políticas estão se formando.

Críticas e embates nas redes sociais

A escolha de Roberto Cláudio por apoiar André Fernandes gerou reações imediatas de figuras importantes do PT. O deputado José Guimarães, líder do governo na Câmara, chamou o posicionamento do ex-prefeito de uma “vergonha para a democracia”, acusando-o de aliar-se ao fascismo em busca de sobrevivência política. Em resposta, membros da campanha petista começaram a redistribuir vídeos antigos nos quais Cláudio criticava Fernandes, chamando-o de “sem preparo, sem equilíbrio e sem maturidade” para governar Fortaleza.

A troca de farpas não se limitou aos aliados de Lula. Ciro Gomes, ao ser confrontado com as críticas da juventude pedetista, reagiu duramente. “O que de pior pode acontecer em Fortaleza é a premiação do maior esquema de corrupção da história do Ceará”, declarou, referindo-se à administração do PT no estado. Ciro reafirmou que não será “puxadinho do PT” e ameaçou revelar mais sobre a “burocracia” do partido que, segundo ele, precisaria ouvir algumas verdades.

Oposição petista tenta minimizar os apoios

Apesar do enfraquecimento causado pela divisão no PDT, a campanha de Evandro Leitão minimiza o impacto desses apoios. Os petistas se baseiam em uma recente pesquisa Datafolha que mostra um empate técnico entre Leitão e Fernandes, com 47% das intenções de voto para o bolsonarista e 45% para o petista. A pesquisa, realizada antes da manifestação pública de alguns apoios, sugere que o cenário eleitoral segue aberto e disputado.

Para o PT, Fortaleza representa a melhor chance de vitória entre as capitais onde o partido avançou para o segundo turno. Com o apoio do presidente Lula e apostando na rejeição ao bolsonarismo, a campanha de Leitão busca se consolidar como a opção que defende os valores democráticos, enquanto tenta atrair apoios e deslegitimar a aliança entre parte do PDT e Fernandes.

Impactos nacionais da eleição em Fortaleza

A disputa em Fortaleza, maior cidade do Nordeste e quarta mais populosa do país, é um microcosmo da polarização política que domina o Brasil. De um lado, está o candidato do PL, fortemente associado a Bolsonaro e suas pautas conservadoras; de outro, o petista Evandro Leitão, que tenta consolidar o apoio progressista para frear o avanço da extrema-direita na região. O resultado dessa eleição pode ter um impacto significativo nas eleições nacionais de 2026, especialmente na reorganização das forças políticas no Ceará e no fortalecimento ou enfraquecimento de Bolsonaro como liderança.

O segundo turno em Fortaleza será mais do que uma simples escolha local. Ele colocará à prova as alianças políticas regionais e nacionais e poderá redefinir as estratégias dos partidos para os próximos anos. Ao se recusar a apoiar o PT, Ciro Gomes reafirma sua irresponsável diante do fascismo.

A eleição está marcada para o dia 27 de outubro, e, até lá, o racha no PDT e a disputa pelos votos indecisos continuarão a dominar o cenário político da capital cearense.

Com informações do Brasil 247

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