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É tudo tão surreal que fica difícil acreditar no que está acontecendo.

Bem que o capitão alertou sobre a chegada de um “tsunami” esta semana, e estava certo.

Só uma pergunta: quem avisou os Bolsonaro sobre o Queirozgate que pegou em cheio o primogênito 01?

No domingo, Flávio Bolsonaro deu uma indignada entrevista ao Estadão detonando as investigações do Ministério Público.

No dia seguinte, a Justiça autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do filho senador, do ex-assessor Fabrício Queiroz, e mais 88 pessoas ligadas a eles.

Como os Bolsonaro ficaram sabendo que isso aconteceria? Já sabiam da imensa devassa que será feita nos gabinetes parlamentares da família e suas relações perigosas?

Terá sido o vidente da Virginia, ou o responsável pelo Coaf e pela Polícia Federal, o ministro Sergio Moro, por coincidência nomeado pelo presidente para o STF, no mesmo domingo, com 18 meses de antecedência?

Como se não tivesse nada a ver com o Queirozgate, o presidente Bolsonaro embarca nesta terça-feira para Dallas, no Texas, onde será homenageado.

Fabrício Queiroz, o mentor do laranjal que Flávio herdou do pai, amigo do presidente há mais de 30 anos, desde o tempo de Exército, continua desaparecido.

Enquanto isso, no Brasil real, estudantes e professores de todo o país estão se mobilizando para o Dia Nacional de Luta pela Educação, marcado para esta-quarta-feira, dia 15.

Escolas particulares, centrais sindicais, a UNE e até os partidos de oposição se uniram para protestar, não só pelos cortes das verbas da Educação, mas também contra a reforma da Previdência e o desmantelo generalizado do governo Bolsonaro.

O país poderá assistir às primeiras grandes manifestações de protesto no atual governo, enquanto Bolsonaro viaja mais uma vez aos Estados Unidos, deixando para trás um país convulsionado, com a economia em colapso e o filho encalacrado em tenebrosas transações.

Se alguém descrevesse esse cenário cinco meses atrás, seria chamado de maluco delirante.

Nem Gabriel Garcia Márquez seria capaz de criar uma história rocambolesca dessas, em que um capitão afastado do Exército comanda uma tropa de generais de pijama em guerra com um astrólogo que caça ursos na Virginia e dá as diretrizes do governo por meio dos três filhos do presidente.

Dá para acreditar?

Mas o 15 de Maio poderá ser um divisor de águas neste país bestificado e anestesiado, que assistia passivamente à destruição do país.

Quando o povo cria coragem e sai às ruas, ninguém sabe o que poderá acontecer depois.

Como reagirão as forças de segurança? Que cobertura as televisões darão às manifestações?

Amanhã saberemos as respostas, mas este dia será lembrado no futuro como o momento em que a juventude, mais uma vez, resolveu dar um basta contra as atrocidades praticadas pelo desgoverno ao mundo do trabalho e do conhecimento.

Apesar de tudo, ainda não conseguiram matar a nossa esperança.

Vida que segue.

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