Mais uma denúncia contra o governo de Jair Bolsonaro foi feita nesta segunda-feira (15) no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça. Em discurso feito em inglês, que durou pouco mais de 1 minuto e meio, a fundadora da Comissão Arns, Maria Hermínia Tavares de Almeida, “apontou a responsabilidade do presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”. A representante da Comissão Arns também falou em nome de outra organização, a Conectas Direitos Humanos.
“A situação do Brasil é desesperadora. A Covid-19 está causando um enorme impacto em perdas de vidas e dificuldades econômicas. A doença atingiu desproporcionalmente a população negra e mais pobre, as comunidades indígenas e tradicionais. Viemos aqui hoje para denunciar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia”, disse Maria Hermínia.
Segundo a fundadora da Comissão Arns, Bolsonaro “desdenha das recomendações dos cientistas” e “tem semeado descrédito em todas as medidas de proteção – como o uso de máscaras e distanciamento social”.
Maria Hermínia afirmou também que o presidente “promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas, riu dos temores e lágrimas das famílias”. Ela lembrou que Bolsonaro disse aos brasileiros para parar “de frescura e mimimi”.
“Todas as medidas econômicas e sanitárias atualmente em vigor devem-se a iniciativas do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, dos governadores e prefeitos. É por isso que estamos aqui, hoje, para chamar a atenção deste Conselho e apontar a responsabilidade do presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”, afirmou.
Não é a primeira vez que o presidente brasileiro é denunciado na ONU. Em julho de 2020, 66 organizações brasileiras de diferentes áreas se juntaram, criando uma declaração escrita conjunta a respeito da situação dos direitos humanos no Brasil.
A denúncia feita por organizações sociais e movimentos populares brasileiros foi ampla: ia desde as questões de memória, verdade e justiça ao desmonte de políticas públicas e de participação. Também abordava questões de violência de gênero, desmonte da política ambiental, ataque e violência contra povos indígenas, racismo institucional e problemas de políticas públicas durante e antes da pandemia com comunidades quilombolas.
POR VALÉRIA MANIERO
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