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Fernando Morais: Para nós do Nocaute é uma alegria, uma honra, ter aqui esta figura fascinante que é o Danny Glover, que todo mundo conhece como ator e como ativista político, sempre ao lado das boas causas e nascido no dia 22 de julho de 1946. Por que eu sei do detalhe? Porque eu também nasci no dia 22 de julho de 1946.

Danny Glover: Ele é o meu irmão mais novo que também nasceu dia 22 de julho? Eu tenho outro irmão do dia 22 de julho! Eu amei, eu amei! Existe alguma coisa sobre o dia 22 de julho que, ao passar dos anos, encontro amigos que também nasceram nesta data. Eu estava na Costa Rica, junto com um amigo que eu conheço desde a faculdade, Roman Gonzalez. Nós nos conhecemos na universidade em 1968 e depois fomos trabalhar com serviços públicos no governo da cidade. Recentemente eu o encontrei na Costa Rica, ele é alguns anos mais velho do que eu, mas também nasceu no dia 22 de julho. Eu não sei se mantemos nossa amizade a um nível de ativismo, de estudantes que trabalhavam em serviços públicos, essa foi a fundação de nossa amizade. O grande poeta Quincy Troupe também é do dia 22 de julho. Essas simples relações que tenho são importantes. Eu sempre penso que as datas são importantes.

Eu nasci na cidade de Mariana, que foi vítima daquela tragédia ambiental, daquele crime, e no dia que eu soube eu telefonei para lá, para me irmão, e perguntei: alguma autoridade já apareceu aí para ser solidário? Ele me respondeu: A única autoridade que apareceu aqui até agora foi o Danny Glover. Ele foi a Mariana se solidarizar com a população que era vítima da tragédia ambiental

Eu acho que uma das coisas mais claras que tenho em vida é que: independentemente de como isso aconteceu, e eu não tiro crédito em cima disso, eu sempre quis estar ali, achei que era necessário ir até lá para ser testemunha de algo que acabara de acontecer. E falar com as pessoas, do jeito mais simples possível, independentemente de diferenças ideológicas que possamos ter, é o que me importa. Essa história foi importante para mim. Esta é a qualidade que me acompanha desde a época em que nasci, junto com uma estrutura politizada e social. O movimento civil americano, de pessoas que se manifestavam pois se importavam com algo, que foram até o sul, que se encorajaram com as pessoas do sul é importante pois eles se importavam com o que estava acontecendo, eles realmente se importavam, e eram pessoas jovens.

Existe um certo idealismo que acompanha tudo isso. O meu lugar e a minha responsabilidade é de ir até lá para ouvir a história deles, e isso é basicamente quem eu sou. E outra coisa que penso é que estou celebrando a coragem deles, conhecendo a coragem deles. Eu estou lá por solidariedade, mas não sei se conseguiria ser tão corajoso como eles são.

O senhor é identificado no mundo inteiro como um cara permanentemente solidário com a América Latina, com os movimentos de libertação da América Latina. Se a gente olhar para o mapa da América Latina há dez anos, veremos que só havia amigos nossos e amigos do povo latino americano e hoje não. Hoje está cheio da ditadura de novo, no Brasil inclusive. Na sua opinião, o que houve para produzir essa mudança tão ruim na América Latina nos últimos anos?

Eu não sou um expert nesse assunto, eu posso testemunhar que de fato havia uma enorme energia, uma enorme resposta que do estava acontecendo na América Latina. Estava celebrando o que estava acontecendo e mesmo tempo denunciando. Aqui no Brasil, a eleição de um trabalhador, de Lula, foi algo extraordinário. Alguém que chegou até o topo sem nenhum treinamento educacional formal, mas que teve inocência, uma ressonância extraordinária do jeito de se relacionar com o povo, ele toca nas pessoas, as pessoas acreditam nele.

Ele se transformou em uma das mudanças mais extraordinárias no Brasil, o respeito aos mais pobres, o respeito aos afrodescentes, as mulheres, além da inclusão durante o processo governamental. Tudo isso me encorajava a assistir, porque pensava que podia ver isso acontecer em algum lugar, encorajado por alguma ação que talvez seja replicável em outros lugares também.

Quando eu vim aqui e vi tudo isso acontecendo, tive esperança que as pessoas olhassem aquele momento do mesmo jeito que eu estava olhando, como um momento de encorajamento. O Fórum Social Mundial veio até aqui, o Evo Morales veio até o Fórum Social Mundial. Alguém que em defesa de seu país, a Bolívia, se inteirou sobre o tema da privatização da água. Esses símbolos, de algum jeito, representam uma mudança no que estava acontecendo no mundo, o que estava acontecendo nessa região, que estava se descobrindo como uma região diversa. Você pode ver que a incrível diversidade também foi um fato importante.

Veja a entrevista completa no Blog do Nocaute

Veja a entrevista: