Pelo menos cinco dos 12 integrantes da cúpula nacional do União Brasil têm alguma relação com empresas ou pessoas investigadas pela PF no caso
247 – A operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF), expôs possíveis conexões entre pelo menos cinco membros da direção nacional do União Brasil e empresas e indivíduos investigados por desvios de recursos públicos. Segundo informações divulgadas por Fabio Serapião, do Metrópoles, a investigação, que tramita na 1ª instância da Justiça Federal, teve início para apurar fraudes em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), mas ganhou amplitude após a quebra de sigilos e interceptações que revelaram um esquema envolvendo contratos milionários com governos federal, estaduais e municipais.
A operação ganhou repercussão após a PF apreender R$ 1,5 milhão em espécie, além de anotações e planilhas, em um avião que voava de Salvador para Brasília. Esses materiais serviram de base para a segunda fase da investigação, resultando em prisões relacionadas a contratos fraudulentos com prefeituras baianas. As investigações seguem em andamento, com foco em identificar quem se beneficiava do esquema de corrupção.Play Video
Entre os nomes destacados está o presidente nacional do União Brasil, Antonio de Rueda, que mantém relações com José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo” na Bahia e apontado como um dos líderes da organização criminosa. Moura, empresário e integrante do partido, nega envolvimento em atividades ilícitas, afirmando não possuir contratos com o DNOCS ou vínculos com obras públicas.
Outro implicado é o senador Davi Alcolumbre, favorito para presidir o Senado, cuja chefe de gabinete, Ana Paula Magalhães, foi citada em conversas interceptadas pela PF. Os diálogos sugerem que Ana Paula teria sido consultada para viabilizar a liberação de recursos públicos para prefeituras baianas com contratos suspeitos. Alcolumbre, que também é padrinho político de Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, não comentou o caso.
O deputado federal Elmar Nascimento também aparece ligado à investigação. Seu primo, Francisco Nascimento, foi preso acusado de facilitar fraudes em licitações na cidade de Campo Formoso (BA), ajustando editais e negociando propinas. Além disso, emendas parlamentares de Elmar financiaram obras da empresa investigada Allpha Pavimentações. O deputado afirmou não ser alvo da operação e destacou sua longa trajetória sem envolvimento em investigações: “não sou alvo, nem fui sequer citado”.
O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, foi citado indiretamente em gravações, nas quais José Marcos de Moura mencionou recorrer a um “amigo” para agilizar pagamentos de contratos. A PF suspeita que esse “amigo” seria ACM Neto, que, em nota, negou qualquer envolvimento, afirmando que não há registros de diálogos seus nos autos: “existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”.
Embora não citado diretamente, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, teve sua gestão mencionada, já que empresas investigadas receberam aproximadamente R$ 60 milhões da prefeitura. Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, servidor municipal, foi preso e exonerado após a deflagração da operação. A Prefeitura de Salvador declarou que não é alvo da investigação.
Com três ministérios no governo federal, o União Brasil enfrenta agora um desgaste político significativo, enquanto a Polícia Federal segue aprofundando as investigações para esclarecer o alcance do esquema e os beneficiários dos recursos públicos desviados.
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