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Integrantes da futura gestão elevam tom contra baderneiros que vandalizaram centro de Brasília e avisam: “absolutamente todos” os envolvidos estão sendo identificados. Presidente eleito diz que atual chefe do Executivo estimula manifestações nas rua

 (crédito: EVARISTO SA / AFP)

(crédito: EVARISTO SA / AFP)

A cúpula do governo de transição fez um duro discurso sobre a baderna provocada por extremistas que queimaram veículos e promoveram cenas de terrorismo em Brasília na noite de segunda-feira. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a responsabilidade ao atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro. “Esse cidadão continua incentivando os ativistas fascistas que estão na rua”, enfatizou o petista, durante a cerimônia de encerramento dos trabalhos do gabinete provisório, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Ele segue o rito que todos os fascistas seguem no mundo. É importante a gente saber que eles fazem parte de uma organização de extrema direita que não existe só no Brasil. Esse grupo veio para negar. Veio em nome de defender os costumes, a família, e o que mais fazem é negar as coisas da própria família.”

Lula também criticou o fato de Bolsonaro ainda contestar o resultado das urnas e não ter admitido publicamente a derrota. Eleito pela terceira vez, o petista lembrou que foi derrotado também três vezes em corridas pelo Planalto. “Ele está mostrando o que é, agora. Eu perdi três eleições e, nas três, voltei para casa, lamentei, chorei, me preparei para ganhar a próxima (…) E todas as vezes que eu perdi, eu respeitei quem tinha ganho, e cumprimentei o vitorioso”, destacou. “Esse cidadão, até agora, não reconheceu a sua derrota, continua incentivando os ativistas fascistas que estão na rua se movimentando. Ontem (segunda-feira), ele recebeu esse pessoal no Palácio da Alvorada. Ele tem de saber que o Palácio da Alvorada é patrimônio público, aquilo não é dele, não é da mulher dele, não é do partido dele.”

O recado mais forte sobre os atentados partiu do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. “Em 1º de janeiro, tudo aquilo que não pôde ser feito nesses 15 ou 20 dias (até a posse) será feito. Não é apenas uma orientação política, democrática. É um imperativo da lei”, sustentou. Segundo ele, “absolutamente todos” os envolvidos nos atos de vandalismo estão sendo identificados e investigados.

Na noite de segunda-feira, radicais bolsonaristas atearam fogo a carros e ônibus e enfrentaram a PM no centro de Brasília, após a prisão do cacique indígena José Acácio Serere Xavante — determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) —, sob acusação de promover atos antidemocráticos.

Dino afirmou que o Governo do Distrito Federal (GDF), “apesar das dificuldades”, está atuando na contenção e responsabilização dos envolvidos. Até o momento, porém, não ocorreram prisões, mas o governo eleito indica que haverá ações duras contra os criminosos assim que a nova gestão tiver início.

A segurança de Lula foi reforçada, sob o comando do futuro diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos. Dino afirmou estar em contato direto com o atual titular da Justiça, Anderson Torres, para acompanhar a apuração.

A postura de Torres no episódio, por sinal, chamou a atenção. A única declaração do chefe da pasta sobre os atos violentos foi via Twitter, horas após a sequência de depredações e da invasão da sede da PF. Ele escreveu que “tudo será apurado” e que “nada justifica as cenas lamentáveis que vimos no centro de Brasília”. Coube justamente a Dino, mesmo ainda sem ter assumido a pasta, condenar veementemente a baderna e garantir que os vândalos serão punidos.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou o fato de ninguém de sido detido, apesar da gravidade dos atos. “Baderna em Brasília teve cara de esquema profissional. Muito estranho que ninguém foi preso”, escreveu em uma rede social.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF confirmou que não houve detenções: “A SSP/DF destaca que, para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes”. A pasta também assegurou que “esses atos, praticados por grupos isolados, estão sendo apurados pela Polícia Civil do Distrito Federal, e os participantes, uma vez identificados, serão responsabilizados”.

Posse

Outro temor que surgiu após os ataques é em relação à segurança na posse. Quanto a isso, no entanto, ainda não foi anunciada nenhuma mudança na organização do evento, que inclui caravanas, acampamentos e acolhida das pessoas que vêm à capital federal para a cerimônia. Alguns petistas, porém, expressam receio. “A gente espera que não ocorra nada, né?”, destacou um parlamentar.

No discurso de ontem, Dino assegurou que os extremistas não vão prejudicar o evento da posse. “É claro que nos causa repulsa que, a estas alturas, ainda haja esse tipo de atitude violenta e antidemocrática contra o voto popular. Mas, ao mesmo tempo, temos de relativizar, porque esses grupos não tiveram, não têm e não terão forças para vencer o povo brasileiro”, garantiu o futuro ministro da Justiça. “Vamos fazer a maior posse presidencial do Brasil em 1º de janeiro.”

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