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Exército chama a polícia para pôr ordem em bolsonaristas golpistas

O objetivo não é removê-los de onde estão, mas aumentar “a segurança desses brasileiros”

Ricardo Noblat

No país da piada pronta, onde as Forças Armadas consideram normal partidários de um candidato derrotado baterem às suas portas pedindo um golpe, o Exército, de todo modo incomodado com a baderna, chamou a polícia para restabelecer a ordem.

O espaço em frente ao QG do Exército, em Brasília, e áreas vizinhas estão ocupados por bolsonaristas revoltados com a eleição de Lula para presidente. Montou-se, ali, um acampamento, uma praça de alimentação e uma feira onde se vende de tudo.

O site Congresso em Foco, em reportagem a ser publicada hoje, vai contar que até armas e spray de pimenta podem ser comprados. Mais de 70 caminhões estão estacionados por perto. A maioria deles veio de Mato Grosso, Goiás, da Bahia e de Santa Catarina.

Em ofício ao governo do Distrito Federal, o Comando Militar do Planalto pede a “aplicação de multas e reboque de veículos”, o “policiamento ostensivo com efetivos e viaturas para coibição de delitos e crimes” e “o controle de ambulantes e barracas”.

Classificado de “urgentíssimo”, o ofício assinado pelo chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Planalto, coronel Fabiano Augusto Cunha da Silva, pede que não seja autorizada a entrada no local de carros de som e que o lixo produzido seja recolhido.

O coronel afirma que “as manifestações estão ocorrendo de forma ininterrupta”, que uma das vias foi fechada para o estacionamento de caminhões, e pede que a secretaria não autorize a entrada de carros de som no local “caso isso seja solicitado”.

Procurado pelo jornal Folha de S. Paulo, o Comando Militar do Planalto informou que os manifestantes “se encontram de forma pacífica em frente ao quartel-general” e que o objetivo não é retirá-los dali, mas reforçar a “segurança desses brasileiros”.

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Generais ouvidos disseram que os manifestantes devem se desmobilizar por conta própria ao perceberem que não haverá golpe de Estado. Quer dizer: os militares não acham nada demais a promoção de atos contrários à democracia.

E se os atos fossem protagonizados por militantes de partidos de esquerda inconformados com a derrota do seu candidato? Os militares chamariam a polícia? Ou sem disparar um só tiro ou bomba, dispersariam a turba com simples jorros de água?

Certamente, algum poder superior os impede de agir assim. Ou então são coniventes com a anarquia que seriam incapazes de tolerar se partisse dos que pensam diferente deles. Dando-se conta ou não, ignoram o que está escrito na Constituição.

O ministro Alexandre de Moraes, que leva a democracia a sério, determinou às Polícias Militares, à Federal e à Polícia Rodoviária Federal que informem em 48 horas a identificação de todos os veículos que participaram de bloqueios a rodovias e quartéis.

Moraes quer saber se foram identificados “os líderes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos, com a remessa dos dados e das providências realizadas”. Agentes federais foram alvo de tiros e de violência no Pará e em Santa Catarina.

Está prevista para amanhã a divulgação dos resultados da auditoria feita pelo Ministério da Defesa nas urnas e na apuração dos votos. Para crescer, a sedição bolsonarista alimenta a esperança de que ela, pelo menos, registre suspeitas de fraude.

Ana Karolline Rodrigues/Metrópoles