Ex-auxiliar de Bolsonaro movimentou R$ 3,3 milhões e repassou parte para Cid, diz Coaf
O sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, que era supervisor da Adjuntância de Ordens de Jair Bolsonaro (PL), movimentou R$ 3,34 milhões entre 1º de fevereiro de 2022 e 8 de maio deste ano. O militar recebeu dezenas de depósitos e repassou parte dos recursos para o tenente-coronel Mauro Cid, principal auxiliar do ex-presidente.
Os dados são do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e foram enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de Janeiro. Segundo o Portal da Transparência, Reis recebe um salário de R$ 13,3 mil. Juntos, os dois militares movimentaram cerca de R$ 7 milhões.
De acordo com o Coaf, os repasses de recursos de Reis para Cid, que são incompatíveis com a renda do militar, foram considerados como indícios de possível lavagem de dinheiro.
“A movimentação financeira é caracterizada por transações envolvendo pessoas físicas e jurídicas atuantes em áreas diversas, inclusive com diferentes funcionários públicos”, explica o COAF. “Recebeu valores principalmente a título de proventos e débitos foram relacionados a compras efetuadas.Não identificamos fundamentos legais ou econômicos que justifiquem as movimentações observadas, que se apresentam acima da renda cadastrada. Por este motivo, propõe-se a comunicação ao COAF”.
Reis, que era subordinado de Cid, trabalhou diretamente com Bolsonaro e o tenente-coronel desde o início do mandato até agosto do ano passado, quando foi transferido para o Ministério do Turismo.
Somente entre fevereiro do ano passado e 20 de janeiro deste ano, o sargento recebeu R$ 1,5 milhão em uma conta bancária no Banco do Brasil. Parte desse dinheiro foi obtido em 105 transferências via Pix.
No mesmo período, saíram de sua conta R$ 1,6 milhão, a maior parte em transferências bancárias. Ele emitiu R$ 336,2 mil em Pix. O relatório do Coaf cita, sem dar detalhes, que o militar teve 11 TEDs (transferências eletrônicas) devolvidas no valor total de R$ 500 mil.
O sargento foi preso em maio sob suspeita de participação em um esquema que emitiu comprovantes falsos de vacinação contra a Covid-19. O sargento teria acionado seu sobrinho, o médico Farley Vinicius Alcântara, para assinar um dos cartões falsos emitidos em nome da esposa de Cid.
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