O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, “usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.A declaração se deu após a revelação de que Moro telefonou para autoridades que teriam sido hackeadas pelos suspeitos presos na quarta-feira 24. Na ocasião, Moro disse que as mensagens seriam destruídas, para preservar a privacidade dos envolvidos.
Para Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça, o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, tem a temer no caso, já que Moro comanda o Ministério da Justiça e a Polícia Federal (PF). “Não há dúvida de que Glenn é alvo do Moro. O que o Moro vai tentar fazer? Vai tentar jogar nas costas do Glenn uma receptação“, explica Aragão. Segundo ele, receptação é adquirir algo que, pelas circunstâncias, a pessoa sabe ser produto de crime.
A prisão dos hackers levantou suspeitas sobre as intenções da Polícia Federal, entre os próprios editores do Intercept. Para Rafael Martins, jornalista do site, há uma clara tentativa de promover descrédito sobre o conteúdo vazado, que põe em xeque a lisura da conduta de Moro na Operação Lava Jato.
“Tínhamos havia dias informações de que a PF se preparava para tentar desacreditar a autenticidade do material. A intenção é tão óbvia que está no nome da operação [Spoofing], que entorta um termo usado para se referir a ataques que mascaram pacotes IP em redes de computadores”, escreveu o editor do portal, em sua rede social.
Entre as autoridades que supostamente foram alvos de hackeamento estão o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.
O celular da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também teria sofrido tentativa de invasão do grupo suspeito. No entanto, os acusados não teriam conseguido acessar os dados. A Procuradoria-Geral da República declarou ainda que pelo menos 25 celulares de procuradores foram alvo de ataques.
Carta Capital
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