Manifestações foram registradas em ao menos 79 cidades de 26 estados e Distrito Federal até o momento neste 13 de agosto, dia nacional em defesa da educação e contra a reforma da previdência. Dezenas de milhares mostram disposição de luta apesar da UNE não ter construído pela base um enfrentamento verdadeiramente massivo aos ataques de Bolsonaro.
Manifestações foram registradas em ao menos 79 cidades de 21 estados e Distrito Federal até o momento neste 13 de agosto, dia nacional em defesa da educação e contra a reforma da previdência. As ações contaram com milhares de estudantes, professores, servidores públicos, sindicatos e entidades estudantis.
O projeto Future-se de Weintraub e de Bolsonaro já deixou claro que tem o objetivo de passar o trator em cima da educação pública e entregá-la ao capital financeiro. Os cortes de 30% nas universidades federais abriram espaço para que o governo Bolsonaro avançasse para diminuir a autonomia universitária, promover cortes na pesquisa e extensão e agora, com o Future-se, tentar transformar o MEC numa “bolsa de valores” especializada em especular e lucrar especuladores e capitalistas estrangeiros inclusive com verba pública. Com isso, querem abrir ainda mais espaço para os monopólios da educação, como a Kroton, e para as empresas privadas usufruírem ainda mais das universidades como seus aparatos de pesquisa, explorando mão de obra da juventude e dos trabalhadores em nome dos lucros.
Isso, somado à reforma da previdência que teve sua aprovação no 2º turno da Câmara (e segue para o Senado), mostra que o futuro dos trabalhadores e da juventude é arrancado para garantir que os empresários, banqueiros e capitalistas nacionais e estrangeiros sigam lucrando com o religioso pagamento da ilegal e fraudulenta dívida pública.
Assim como no mês de maio, nos dias 15 e 30, a juventude se coloca como a vanguarda do movimento de resistência aos ataques do governo Bolsonaro. Entretanto, em meio à votação da reforma da previdência, a UNE (dirigida por PT e PCdoB), direção do movimento estudantil, se recusou a unificar ambas as pautas, o que evidencia um erro estratégico que não promove a união entre a juventude e os trabalhadores. Essa separação entre as lutas é fruto da política consciente das direções sindicais e do movimento estudantil, que se recusaram a construir assembleias massivas e discussões nos locais de estudo e trabalho, impedindo qualquer possibilidade de haver manifestações maiores que as do dia 15, onde muitos trabalhadores ou jovens sequer sabiam que haveria manifestações.
Apesar disso, as manifestações demonstraram que a juventude e os trabalhadores não querem aceitar de cabeça baixa. Em São Paulo, a manifestação, que se concentrou às 15h no vão do MASP, conta com a participação de estudantes e trabalhadores.
Nós do MRT e da Faísca – Juventude Anticapitalista e Revolucionária participamos levantando a necessidade de um plano de lutas unificado entre juventude e trabalhadora para que os cortes na educação, o projeto Future-se e a reforma da previdência façam parte de uma única luta, que seja construída a partir de assembleias e reuniões em todos os locais de trabalho e estudo, junto a base, aliada à população, para erguer um movimento que esteja a altura de derrubar os ataques do governo Bolsonaro, do Congresso e do STF.
No Rio de Janeiro, manifestantes também ocuparam as ruas do centro do Rio, ao redor da Candelária, e seguiram até a sede da Petrobras, em denúncia também à venda de ativos da petroleira.
Em Brasília, no DF, professores, estudantes e lideranças indígenas de todo o país se reuniram na Esplanada dos Ministérios para protestar, fechando três faixas da Estrada Parque Núcleo Bandeirante, com pneus em chamas. Também hoje em Brasília se realizou a Marcha das Margaridas, uma manifestação realizada por mulheres trabalhadoras rurais.
Em Belo Horizonte, a manifestação foi composta também por estudantes e trabalhadores, concentrando na praça da Assembleia, na região centro-sul caminhando até a praça Sete. O MRT também exigiu um plano de lutas contra os ataques e a reforma da previdência.
Na Bahia, Salvador também teve suas ruas como palco de manifestação que começou por volta das 9h no Largo do Campo Grande. Houve também manifestações em Itabuna, Vitória da Conquista e Juazeiro.
No Ceará a juventude também demonstrou ódio aos ataques na educação e na reforma da previdência.
Ainda aconteceram manifestações no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Goiás, Paraíba. Ao todo, são 25 estados.
Essa demonstração de que a juventude segue sendo o setor que está a frente da resistência aos ataques deve servir como um passo em um plano de lutas que seja fortemente construído com milhões de jovens e trabalhadores em todo o país, contra os ataques na educação e também contra a reforma da previdência, através de assembleias e reuniões massivas em cada local de trabalho e estudo, e que só assim, superando as burocracias do PT e do PCdoB, que há anos dirigem as entidades e sindicatos, é que será possível derrotar os ataques. Ao contrário de negociar o nosso futuro e entregá-los de bandeja aos capitalistas, a juventude e os trabalhadores mostram que é preciso lutar nas ruas.