A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (12) a urgência do Projeto de Lei 1904/24, que prevê a criminalização do aborto realizado após 22 semanas de gestação, considerando-o homicídio, mesmo em casos de gravidez resultante de estupro. No entanto, um fato intrigante é que o PL foi colocado em votação pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que já enfrentou acusações de estupro.
A ex-mulher de Lira, Jullyene Lins, com quem ele foi casado por dez anos, foi a responsável pela acusação. Ela afirmou que, seis meses após a separação, em 5 de novembro de 2006, foi agredida e estuprada pelo político. Segundo a mulher, a agressão ocorreu após o parlamentar ter descoberto que ela estava se encontrando com outro homem.
Lira foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois que Jullyene mudou seu depoimento, alegando ter sido ameaçada por ele de perder a guarda dos filhos se não retirasse a queixa. No ano passado, Jullyene revelou durante entrevista à Agência Pública que a violência também incluiu abuso sexual.
“Aconteceu uma coisa que eu nunca contei a ninguém, ele disse pra mim: ‘Você está atrás de macho, eu vou lhe mostrar quem é o homem’. Ele me puxava pelo cabelo e dizia: ‘O homem aqui… você é minha mulher, você não vai ter outro homem, você é minha, você é a mãe dos meus filhos. Você quer me desmoralizar, vamos lá para o quarto agora que eu vou te mostrar quem é o homem aqui, você não quer isso? Você não está querendo? Atrás de homem pra quê? Pra fuder? Então vou lhe mostrar agora.’”
Vale ressaltar que após a repercussão do caso, a reportagem da Agência Pública sobre as acusações de Jullyene foi censurada e está, atualmente, fora do ar. Em um julgamento em abril, a Justiça do Distrito Federal manteve a censura à reportagem, que havia sido publicada em junho de 2023.
Acerca da aprovação do PL, Jullyene Lins manifestou sua indignação em seu perfil no X, antigo Twitter, relacionando os eventos ao seu passado de acusações contra Lira.
Comunicação de Diário do Centro do Mundo
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