Em entrevista concedida aos jornalistas José Trajano e Juca Kfouri, o ex-presidente Lula mostrou mais uma vez porque tem o sono dos justos e a posse do sentido político mais aguçado do país. Alternando momentos de indignação e serenidade, o ex-presidente chamou Moro e Dallagnol para um debate na Globo, afirmou que o empresariado em uníssono o queria como candidato em 2014 e disse que o The Intercept não denunciou ninguém, “apenas mostrou a verdade”.
A entrevista foi a mais espontânea de todas, uma vez que os entrevistadores estavam muito à vontade e teciam as perguntas em ritmo de ‘conversa’. Lula relembrou histórias comoventes da infância pobre e as contextualizou com o encontro do G-8, quando entrou na sala em que estavam os líderes das maiores economias do mundo e se sentiu o mais preparado ali para enfrentar quaisquer assuntos.
Sobre o escândalo Moro-Dallagnol, Lula foi surpreendentemente sereno, reservando sua ira controlada para a linguagem corporal de Moro e Dallagnol: “eles não olham no olho quando dão entrevistas”.
Com a voz rejuvenescida – lembrou os tempos de sindicato – e muita energia gestual, o ex-presidente relatou suas conversas frequentes com todos os grandes empresários brasileiros e que todos eles – todos, sem exceção – o queriam como candidato à presidência em 2014.
Lula orientou aos jornalistas que procurassem os empresários para confirmar as informações e tomou o cuidado respeitoso e manifestar deferência à ex-presidenta Dilma Rousseff, que acabou sendo candidata e vencendo, como todos sabemos.
Ele contou que após a oficialização de Dilma, esses empresários migraram para Aécio Neves e Marina Silva e que a situação subsequente se tornou, objetivamente, mais polarizada e tensionada.
Lula ainda falou de futebol, elogiou a jogadora Marta e palpitou sobre o elenco de Corinthians e Palmeiras. Salientou que está bem, por mais que isso possa parecer estranho para quem vê uma pessoa presa.
Disse que, quando sair da prisão, irá se casar e que quer estar junto da família.