A estratégia eleitoral e política da extrema direita está passando por mudanças no Brasil, na Europa e em outras partes do mundo. Uma dessas mudanças é o uso da questão climática como uma ferramenta política, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Por meio de desinformação e manipulação de dados, a extrema direita tem explorado a questão climática para ampliar as divisões na sociedade, criticar a “elite” e incentivar a polarização para conquistar apoio.
Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nas redes sociais que a “problematização climática é desinformação”. A declaração foi feita em meio à tragédia que assola o Rio grande do Sul após chuvas intensas no estado gaúcho.
“Tudo orquestrado pelos gigantes que exigem dos outros o que não cumprem. Ou seja, inviabilizam o desenvolvimento de países com potencial garantindo aos líderes destas repúblicas a sua manutenção no poder sob o custo de escravizar ainda mais seu próprio povo”, escreveu.
Vale destacar que uma série de fake news sobre o Rio Grande do Sul foi espalhada nos últimos dias, principalmente por bolsonaristas. Os simpatizantes do ex-capitão estavam usando até mesmo o plenário da Câmara dos Deputados para disseminar informações falsas sobre a tragédia.
A exploração do tema tem feito a tragédia no estado gaúcho tomar outra proporção e seguir no mesmo rumo das fake news sobre o clima em outras partes do mundo.
Na França, a líder da extrema direita, Marine Le Pen, adotou uma postura crítica em relação aos ambientalistas, caracterizando a ideologia deles como uma “luta contra os seres humanos”.
Seu partido busca restabelecer divisões na sociedade francesa, especialmente entre a população urbana, mais inclinada a apoiar os ambientalistas, e a população rural ou de pequenas e médias cidades, que enxerga qualquer medida ambientalista como prejudicial aos seus negócios e ao seu apego pela terra.
Na Alemanha, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), herdeiro da ideologia nazista, aproveitou debates sobre medidas ambientais, como a transformação do sistema de aquecimento das casas, para criticar os ecologistas e apresentar-se como defensor dos mais vulneráveis, utilizando a retórica da “liberdade” em jogo.
Como resultado da manipulação e temendo ver a extrema direita ganhar força no país, o governo de centro-esquerda de Olaf Scholz teve de reduzir sua ambição e acabou submetendo para a aprovação do Parlamento uma lei com certas flexibilidades.
Já na Espanha, o partido VOX, herdeiro do franquismo, também se posicionou contra medidas ecologistas, acusando os socialistas de estarem sob influência dos “ecologistas radicais” e prometendo resgatar o cidadão comum contra as políticas ambientais.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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