Apontado como chefe de um dos maiores esquemas de corrupção da história da Polícia Militar de São Paulo, o ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho afirma que todas as unidades da corporação no estado têm esquemas de desvio de verbas públicas. Ele está preso desde 2017 na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior do estado, e cumpre pena que ultrapassa 40 anos de reclusão por peculato.
“Todas as unidades têm caixa 2. Todas têm. Quem falar que não tem está mentindo”, afirmou o ex-PM em entrevista à Folha de S.Paulo. Ele manteve um esquema por cerca de sete anos, entre 2005 e 2012, e desviou mais de R$ 2 milhões para contas particulares de 27 oficiais da corporação.
Ele entregava os valores, obtidos por meio de licitações, a agentes em dinheiro vivo ou cheques. O ex-PM ainda diz que o esquema se transformou em uma espécie de “BNDES dos coronéis”, usando repasses para projetos particulares dos chefes da corporação, bancando despesas como festas e aluguéis de imóveis para amantes, e sem a necessidade de prestar contas.
Adriano alega que todos os comandantes da PM de SP tinham conhecimento do esquema e a Corregedoria conseguiria facilmente rastrear o dinheiro, mas nunca se interessou por uma apuração do tipo.
Ele estima ter repassado cerca de R$ 150 mil a um major da PM, que usou o dinheiro para comprar roupas para a esposa, pagar a internação de um filho em uma clínica de reabilitação, reformar um apartamento e uma série de eventos particulares do oficial.
O ex-PM ainda diz que repassou R$ 600 mil a um coronel, cerca de R$ 120 mil a um ex-oficial e o mesmo valor a um desembargador militar do estado. Ele afirma que enviou diversos documentos à Corregedoria da corporação, mas que as informações nunca foram apuradas internamente.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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