Ferramenta de espionagem israelense custou R$ 5,7 milhões e era operado por haver “um limbo legal”
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) operou um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional durante os três primeiros anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com informações do jornal O Globo, a ferramenta chamada “FirstMile” permitia monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses por meio da “localização da área aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G”.
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O programa foi desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado por R$ 5,7 milhões no fim de 2018, ainda na gestão de Michel Temer. No entanto, a ferramenta só foi utilizada durante a gestão do ex-capitão.
O programa permitia rastrear o paradeiro de uma pessoa a partir de dados transferidos do celular para torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões. Diante disso, era possível acessar o histórico de deslocamentos e até criar “alertas em tempo real” de alguém.
O uso da ferramenta culminou numa série de questionamentos entre os próprios integrantes do órgão, uma vez que a agência não possui autorização legal para acessar dados privados. Vale destacar que o caso motivou a abertura de investigação interna.
Ainda segundo o jornal O Globo, um integrante do alto escalão da Abin afirmou que o sistema era operado sob a justificativa de haver um “limbo legal”. Segundo ele, a agência usava o software em casos que alegava ser “segurança de Estado”. Ele destaca, entretanto, que o programa era manejado “sem controle”.
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