O desmatamento da Amazônia tem novo recorde do mês em cinco anos, enquanto o governo Bolsonar vende imagem diferente na COP26
O desmatamento da Amazônia tem novo recorde, chegando ao pior índice do mês em cinco anos. Uma área recorde de 877 km² da Amazônia Legal foi desmatado, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Trata-se de um aumento de 5% em comparação ao ano passado, quando também o recorde de desmatamento para o mês de outubro foi atingido na Amazônia Legal, com a devastação de 836 km². Em 2019, por exemplo, a área de desmatamento registrada foi de 555 km².
O monitoramento é feito pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do INPE, que traz sinais de satélites diários sobre a alteração na cobertura florestal.
A Amazônia Legal contempla 9 estados brasileiros que rodeiam a bacia Amazônica, correspondendo a 61% do território brasileiro, também abrigando a maior parte da população indígena do país, com 24 dos 34 distritos indígenas.
“Mantivemos o mesmo patamar alto de desmatamento na Amazônia neste outubro, mesmo com mais chuvas do que era esperado por causa do fenômeno La Niña. Isso demonstra claramente que as ações atuais do governo não têm efeito prático no chão”, afirmou a diretora do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar.
Os dados hoje divulgados pelo INPE distoam, completamente, da imagem que o governo de Jair Bolsonaro tenta apresentar do Brasil na COP26, em Glasgow, na Escócia. Nos discursos, o governo omitiu os recordes de devastação da região amazônica e do pantanal brasileiro, e chegou a prometer o fim do desmatamento ilegal até 2028.
No governo Bolsonaro, contudo, os índices de desmatamento no país foram os maiores já registrados. E os dados do Deter, nesta sexta-feira, confirmam.
“Nas últimas duas semanas, vimos o governo brasileiro dizer na COP26 que tem o desmatamento sob controle. Mas o Brasil real é o que os satélites mostram. Para cumprir as promessas feitas na Conferência do Clima, o governo precisa fazer mais do que fala. É possível mudar o quadro, mas é preciso agir imediatamente”, completou a diretora.
“O dado do Deter é um lembrete de que o Brasil que circula pelos corredores e pelas salas da COP26, em Glasgow, é o mesmo onde grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros têm licença do governo para destruir a floresta”, afirmou o Observatório do Clima.
Ainda, a entidade lembrou que o governo ainda não divulgou os dados do Prodes anual de 2021, que é o projeto de monitoramento do desmatamento da floresta Amazônica brasileira por satélite, também medido pelo INPE.
Este relatório contempla agosto do ano anterior até julho do ano presente, sendo disponibilizado em novembro. Até o momento, entretanto, o documento não está disponível.
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