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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Andressa Anholete

Com os novos capítulos da investigação de supostos desvios de joias e presentes oferecidos por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro está gerando um aumento de pressão no Congresso Nacional, além de causar preocupações entre seus aliados e silêncio por parte de seus apoiadores. O desdobramento da operação da Polícia Federal aponta para possíveis indícios de envolvimento de Bolsonaro no desvio de bens públicos para fins pessoais e enriquecimento ilícito.

Parlamentares alinhados à base do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão tomando medidas significativas, como acionar a PF e o Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de solicitar a apreensão dos passaportes do ex-presidente e de sua esposa, Michelle Bolsonaro. Além disso, buscam obter autorização para a quebra de sigilos telefônicos, telemáticos, bancários e fiscais na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro.

Este é um momento crucial em que as investigações contra Bolsonaro atingem um tópico que seus apoiadores não podem facilmente enquadrar como uma questão puramente ideológica. Como resultado, muitos desses apoiadores estão se mantendo em silêncio, já que não têm uma resposta clara para a situação.

Dentro do círculo próximo de Bolsonaro, há uma percepção de que esse incidente é resultado de uma “trapalhada”, com a culpa atribuída ao ex-ajudante de Ordens e tenente-coronel preso, Mauro Cid. Argumenta-se que, especialmente nos estágios finais do mandato presidencial, Cid acumulou poder e afastou aliados que poderiam ter aconselhado o ex-presidente a não negociar os presentes.

Mauro Cid e Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado

Embora Bolsonaro não tenha sido diretamente alvo das diligências, ao contrário do general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de Ordens Mauro Cid, seu sigilo foi solicitado para quebra e é provável que seja convocado em breve para prestar depoimento à Polícia Federal. Sua esposa, Michelle, também teve seu sigilo alvo de pedido de acesso.

Além dos desdobramentos jurídicos, Bolsonaro enfrentará mais pressão no Congresso, especialmente por parte dos parlamentares alinhados à base de Lula. Dentro da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, há um consenso de que a operação forneceu um impulso para a busca da quebra de sigilo de Bolsonaro e Michelle, medida que já havia sido solicitada pela Polícia Federal.

Na Câmara dos Deputados, congressistas como Rogério Corrêa (PT-MG) Túlio Gadêlha (Rede-PE) estão intensificando a coleta de assinaturas para criar uma CPI específica para investigar o caso das joias e o envolvimento de Bolsonaro. Até agora, eles conseguiram 111 assinaturas. Enquanto é provável que alcancem as 170 assinaturas necessárias rapidamente, resta saber se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidirá instaurar a comissão, uma vez que outra Comissão aguarda na fila: a CPI das pirâmides financeiras.

“Já pedimos a quebra de sigilo tem um mês e meio, mas o presidente [da comissão, Arthur Maia] alegou que não havia fato determinado que justificasse. Acho que agora alterou”, disse Corrêa. Ele assina o requerimento com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na Comissão.

Além disso, será necessário esperar o término da Comissão que investiga o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), prevista para 14 de setembro, para abrir espaço para novas CPIs.

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