Ex-ocupante do Palácio do Planalto concedeu entrevista ao canal da bolsonarista Bárbara Destefani
Bolsonaro silencia sobre caso das joias em entrevista e diz que objetivo da prisão de Cid é obter delação · Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista ao canal Te Atualizei, no YouTube, que as recentes prisões de seus ex-colaboradores teve como objetivo induzir delações premiadas e prejudicá-lo. Durante a conversa com a bolsonarista Bárbara Destefani, Bolsonaro mostrou um semblante sorridente e descontraído, abordando as prisões sem mencionar a operação Lucas 12:2 da Polícia Federal (PF), ocorrida na última sexta-feira, que investiga a venda de joias recebidas como presentes de países árabes durante seu mandato presidencial
Evitando falar sobre a operação, Bolsonaro tratou das prisões de indivíduos próximos a ele, citando especificamente os ex-auxiliares Mauro Cesar Barbosa Cid e Luis Marcos dos Reis. Ele afirmou que tais prisões tinham a intenção de obter uma delação que o comprometesse. Bolsonaro declarou: “Tem outros dois que não eram diretos meus, mas estão presos: o Cid e o sargento [Luis Marcos] dos Reis, cuja punição, se forem culpados, não seria passível dessa prisão preventiva que estão enfrentando agora. Um objetivo é obter uma delação premiada, e o outro é me atingir”.
Mauro Cid e Luis Marcos dos Reis foram detidos em maio durante a Operação Venire, que mirou Bolsonaro e seu núcleo próximo por estarem envolvidos em um esquema de falsificação de carteirinhas de vacinação contra a Covid-19. Recentemente, a PF conduziu buscas e apreensões nas residências de Mauro Cid como parte de uma investigação sobre a suposta venda ilegal de presentes e joias que Bolsonaro recebeu durante viagens a países árabes enquanto era presidente. A PF alega que o grupo também incluía o tenente Osmar Crivelatti e o pai de Cid, o general da reserva Mauro Lourena Cid.
Na entrevista, Bolsonaro disse ainda que o presidente Lula “não consegue deixar de falar” sobre ele “o dia inteiro”. Além disso, ele expressou gratidão pelas doações via Pix, que, segundo ele, seriam usadas para pagar suas obrigações judiciais. No mês de junho, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou que o ex-ocupante do Palácio do Planalto recebeu R$ 17 milhões via Pix. Bolsonaro mencionou: “A previsão, nos dias de hoje, é de um pouco mais de R$ 3 milhões, considerando multas e processos. E isso deve aumentar”.
Bolsonaro também falou dos terroristas que foram estão encarcerados por participação nos atos golpistas do 8 de janeiro. “Logicamente não esqueço o sofrimento das 200 e poucas pessoas. São seis meses presos”, disse.
Destefani já foi alvo de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por propagar informações falsas e ataques ao sistema eleitoral. O perfil dela já foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como um dos que atuam “com a nítida finalidade de atentar contra o estado democrático de direito”. Por ordem do STF, os canais dela ficaram fora do ar entre janeiro e junho.
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