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Inquérito que investigava eventual crime de prevaricação de Rogério Favreto foi arquivado por ordem do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal

Desembargador do TRF4, Rogério Favreto concedeu habeas corpus em benefício de Lula em julho de 2018Sylvio Sirangelo,trf4 / Divulgação

O desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), quebrou o silêncio de quase nove meses nesta quinta-feira (4) e decidiu falar sobre o inquérito instaurado pela Procuradoria-Geral da República (PGR)contra ele. No ano passado, em um plantão de fim de semana, o desembargador mandou soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na oportunidade, a decisão foi derrubada após manifestações do então juiz Sergio Moro, do desembargador relator da Lava-Jato no TRF4, João Pedro Gebran Neto, e do presidente da Corte, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores.

Favreto concedeu entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha. Na quarta-feira (3), o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu arquivar o inquérito, argumentando que Favreto agiu “nos limites de suas atribuições”

Pela Constituição, desembargadores têm foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o caso estava no STF porque a PGR apontou suposto “ato orquestrado”. Para a PGR, a defesa de Lula teria acertado com Favreto que ingressaria com o habeas corpus durante o plantão do magistrado.

Mesmo argumentando que não falaria muito sobre o assunto, já que o caso ainda não está encerrado no STF, Favreto desabafou. Classificou como “uma gravidade muito grande esse processo que a Procuradora-Geral da República estava propondo”. Também disse que a iniciativa da PGR “violava a independência do juiz e criminalizaria a decisão judicial. Seria o famoso crime de hermenêutica (criminalização da interpretação jurídica que o magistrado dá a um fato)”. Favreto disse ainda que recebe com “muita tranquilidade” a decisão de Barroso.

— Sempre confiei na Justiça, sempre tive muita segurança de que se tratava de um tema jurisdicional. Decidi assim e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) já acolheu — sustentou o magistrado.

O desembargador ressaltou ainda que “estava na competência do plantão” e que o assunto era matéria de plantão.

— A minha decisão é jurisdicional, foi fundamentada e qualquer discussão sobre ela deveria ser processada nos recursos que o sistema judicial oferece. Sempre tive tranquilidade e convencimento da minha correição do ponto de vista do processo. Outra questão é o mérito da decisão e ela tem de ser resolvida nos recursos — afirmou.

Mesmo sem dar nomes, Favreto alfinetou o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, que interrompeu as férias para despachar sobre a liberdade de Lula.

— Tenho certeza que a instabilidade que gerou foi de outras intervenções que houve no processo. Recebo (o arquivamento do inquérito) com a confirmação de aquilo que esperava para que depois seja retomada a justiça desse caso, já que foi motivo de muita acusação falsa e muita distorção por algumas pessoas que praticaram nesse sentido — desabafa o desembargador.

O inquérito está com vista para a PGR se manifestar.

Confira abaixo a íntegra da entrevista: