O Rio Grande do Sul enfrentará, a partir desta semana, uma queda brusca na temperatura. Entenda os motivos e os riscos para a saúde
O Rio Grande do Sul, em meio às fortes chuvas, passará por um período de frio intenso que vai ocorrer, segundo Vinícius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, ao longo desta semana, “principalmente a partir de segunda (13/5) à noite, na terça, quarta e até a manhã de quinta (16/5)”.
Em meio ao acumulo de águas nas ruas e à queda nas temperaturas, a população do estado também precisa se alertar para as doenças que podem surgir.
Vinícius Lucyrio explica que “o Rio Grande do Sul deve enfrentar as temperaturas mais baixas do ano até este momento, inclusive tem possibilidade de geada em várias áreas do estado, especialmente no sul, na campanha gaúcha, e também em áreas da serra. Mas as temperaturas já voltam a subir de forma mais lenta ali na quinta-feira, quando as temperaturas mais baixas devem ficar mais para o extremo sul e leste do estado”.
“Depois, tem previsão de mais queda de temperatura a partir do dia 17 de maio, mas ainda assim não deve, pelo menos por enquanto, ser uma queda de temperatura tão acentuada quanto a de terça e quarta-feira”, complementou o meteorologista.
Lucyrio alerta que no “período de inverno, geralmente, o Rio Grande do Sul tem mais eventos de chuva, por conta da maior frequência de chegada de frentes frias. Neste ano, agora até o início de junho, ainda vamos ter outros eventos de chuva forte no estado”. Ele também explicou como o fenômeno climático La Niña interferirá nas quedas de temperatura e na incidência das chuvas no estado.
“Com a chegada, em meados de junho, do fenômeno La Niña, que ocorre no Oceano Pacífico, na faixa equatorial, e não ocorre sobre o Brasil, mas traz consequências para o clima aqui. Esse fenômeno faz com que haja mais episódios de frio intenso. Então, eles devem ficar mais frequentes, especialmente ao longo do inverno e início da primavera. As frentes frias avançam mais rapidamente sobre o estado. Da mesma forma, esse fenômeno diminui as chuvas sobre o estado do Rio Grande do Sul. Então, a tendência é que agora, ao longo do inverno, ao longo da primavera, chova menos do que o normal na maior parte do período e também menos comparado ao mesmo período no ano passado”, explica Lucyrio.
Doenças que podem acometer a população gaúcha
A médica pneumologista Letícia Oliveira Dias, mestre em Medicina Tropical pela Fiocruz, explica que “situações de enchente oferecem riscos imediatos e futuros à saúde para as pessoas que vivem na região do desastre. Entre as principais doenças que a população do Rio Grande do Sul deve se atentar, estão as infecções como: leptospirose, doença causada por uma bactéria encontrada na urina do rato e que pode entrar pela pele humana; hepatite A, doença transmitida por vírus presentes em alimentos ou água contaminados, além de doenças diarreicas agudas”.
Em relação aos ricos que a queda da temperatura pode causar, a médica explica que “nesta época do ano, a estação do outono é caracterizada pela queda da temperatura e pelo aumento da incidência de doenças respiratórias infectocontagiosas, como resfriados, gripes, pneumonias e bronquiolites nas crianças menores de 2 anos, que podem ser causados tanto por vírus, como influenza, rinovírus e Covid-19, como por bactérias, no caso das pneumonias”.
“Uma questão agravante, no cenário atual do Rio Grande do Sul, são as famílias que se encontram em abrigos, já que a aglomeração é um fator que aumenta a transmissibilidade dessas doenças. Além disso, o estresse físico e emocional que essas famílias estão vivendo é capaz de gerar uma imunodeficiência temporária. Por isso, é fundamental o acolhimento adequado dessas vítimas”, destaca Letícia Dias.
A doutora ainda ressaltou que “quando houver o esvaziamento da água, o ambiente com entulhos e destroços aumenta o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras” e, por isso, é essencial que a população fique atenta.
Em relação à dengue, Letícia Dias explica que a situação “pode ser agravada por ocasião do esvaziamento das águas das enchentes, que podem gerar acúmulo em pequenos recipientes nas áreas afetadas, uma vez que estudos recentes demonstram que os ovos do mosquito Aedes aegypti podem se desenvolver em qualquer reservatório de água parada, seja limpa ou suja. Dessa forma, ações voltadas para essa vigilância devem ser encorajadas assim que iniciarem a limpeza e a reconstrução das áreas afetadas”.
A doutora e professora do curso de medicina do Uniceplac destaca algumas das medidas que a população pode tomar para se precaver das doenças:
“O ideal é evitar o contato com a água das enchentes. O recomendado é a vigilância do aparecimento de sintomas em pessoas que foram expostas, de forma a permitir o diagnóstico e tratamento oportuno dos pacientes. No caso das doenças respiratórias e pessoas em abrigo, uma medida preventiva é a distribuição e o uso de máscara de proteção para os sintomáticos respiratórios. Além disso, destaca-se o benefício de estar com a vacinação atualizada, uma vez que muitos micro-organismos que têm a transmissibilidade aumentada nessas situações possuem vacina, como a gripe, Covid-19, pneumonia, hepatite A e difteria. Assim, acrescento que seriam interessantes ações governamentais de promoção à atualização vacinal das famílias em situação de abrigo, tão logo fosse possível”, explicou a médica.
Com informações do Metrópoles
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