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O Coronavírus é um desses acontecimentos que vem demonstrar a crise terminal do capitalismo

Ontem não foi uma sexta-feira 13, mas por ironia, hoje é. A burguesia mundial está em maus lençóis, não resta a menor dúvida. A semana ainda não acabou e no conjunto as bolsas de valores não tinham quedas tão acentuadas desde 1987.

Os três índices acionários norte-americanos Dow Jones, S&P e Nasdaq sofreram oscilação negativa em mais de 20%, o que caracteriza o movimento conhecido no mercado como “Bear Market” (quando o índice de ações caem 20% considerando o seu maior valor atingido), isso gera uma expectativa que caiam ainda mais. Esse mesmo movimento vem ocorrendo nas bolsas europeias e no Brasil, a Bovespa já se desvalorizou 30,86% apenas em março e 37,72% no ano. O valor de mercado estimado das empresas que compõem a Bovespa caiu de R$ 3,37 trilhões, na sexta-feira (6), para algo em torno de R$ 2,48 trilhões no dia de ontem. Uma perda de quase R$ 900 bilhões ou cerca de 27, 5% do seu valor.

A quinta-feira voltou a assombrar o mundo financeiro e os governos. A queda foi mundial. A Ásia ainda não influenciada diretamente pelas bolsas ocidentais teve quedas mais comedidas, mas mesmo assim expressivas (Xangai – 1,52%, Tóquio – 4,41%). Na Europa (Frakfurt -12,24%, Paris – 12,28%, Londres – 10,87%). As bolsas norte-americanas entraram logo em “circuit breaker” logo após suas aberturas, sendo os pregões suspensos quando atingiam queda de 7%. A Bovespa brasileira simplesmente derreteu. Foram dois “circuit breakers” durante o dia. O primeiro, logo após a abertura quando estava em queda de 10% e na reabertura, quando voltou a cair 15%. Um terceiro fechamento da bolsa brasileira já era anunciado, quando se aproximava dos 20% de perdas, não fosse o anúncio do Federal Reserve (o banco central norte-americano – FED) de que injetaria 1,5 trilhão de dólares no mercado com a recompra de títulos públicos norte-americanos. Diante do anúncio do FED, tanto as bolsas norte-americanas como a brasileira tiveram uma diminuição em suas perdas. Nos EUA as bolsas fecharam com quedas em torno dos 10% e a  Bovespa, que caia a quase 20%, encerrou o pregão com baixa de 14,76% e o dólar que havia ultrapassado a barreira de R$ 5 recuou fechando em R$ 4,7790. Tudo isso ocorreu nessa quinta-feira, já considerado como a maior queda das bolsa nos últimos 30 anos.

A intervenção do FED norte-americano é o atestado da crise mundial, que ganhou um contorno de catástrofe com a decretação do coronavírus como um pandemia mundial. O 1,5 trilhão de dólares já supera a intervenção do FED na crise de 2008. Naquele momento, a intervenção do banco central norte-americano, com a injeção de 1,25 trilhão de dólares provocou um arremedo de estabilização. Agora, o efeito parece ter sido efêmero. A crise econômica mundial obriga o imperialismo a atuar de duas formas: estímulo fiscais econômico para o mercado e diminuição da taxa de juros e com isso facilitar o crédito para empresas, principalmente os bancos, para que sobrevivam durante a crise.

Os juros já foram reduzidos – o mercado aposta, inclusive, que a taxa de juros dos EUA se aproximará de 0% -, o incentivo fiscal já vem sendo dado pelo menos desde 2008. O problema reside em que a corda tem um limite para ser esticada. 

O agravante na atual situação é que o Coronavírus cumpre o papel de uma espécie de catalisador. A crise já estava aí e a agora pandemia mundial, acelerou todo o processo. Estamos diante de uma situação que não se trata apenas de  uma crise de superprodução, com o dinheiro sendo desviado para a especulação para se transformar em mais dinheiro à margem do crescimento das forças produtivas. 

Mesmo na putrefata economia capitalista, a especulação busca uma âncora na economia real. Uma empresa tem valor real de 100, mas com a especulação vale 1.000. Com o Coronavírus, a tendência da empresa que vale 100 é cair para 80, 70 sabe-se lá o limite. No bojo desse desmoronamento, a cadeia especulativa mostra-se verdadeiramente como é: um castelo de cartas.

A crise está apenas começando. Na verdade a crise nas bolsas é uma antecipação de algo muito pior que está por vir. Segundo autoridades chinesas, o ciclo da contaminação com o coronavírus deve durar em torno de 7 meses. Isso na China que tem uma política de absoluta austeridade com relação ao combate à epidemia. O que vai acontecer na Europa e nos Estados Unidos é uma incógnita. Caso a referência seja a Itália, já é possível constatar que as consequências serão muito mais graves do que na China e em outros países asiáticos. O que esperar dos EUA, então, que não tem assistência médica para mais de 50% de sua população?

O imperialismo, a fase decadente de um capitalismo putrefato não precisa caçar guerras, pois já vive a sua própria guerra intestina. 

João Daniel pede afastamento de Jair Bolsonaro


É que o deputado vê o governo de Jair Bolsonaro como um “desgoverno”, que, além de “autoritário” e também completamente despreparado para a governança.

“A economia só cai, o desemprego aumenta, se acabam os programas sociais, as consequências de Emenda 95 [que cria um teto para os gastos públicos], aprovada com o golpe [o impeachment da presidente Dilma Rousseff], são hoje os grandes problemas em todas as áreas sociais, infraestrutura, saúde e educação”, explica o deputado.

A posição ocupada pelo governo Bolsonaro, segundo Daniel, é a mesma defendida por governos neoliberais em todo o mundo. “Governos conservadores, que não tem compromisso com a nação, com o povo e com a soberania, em cada momento de crise eles arrancam um pedação a mais das costas da classe trabalhadora para continuar fazendo chicote para espancar e diminuir a rendo do trabalhador”, argumenta.

Para o petista quem mais paga com as medidas tomadas pelo governo Bolsonaro é justamente a classe trabalhadora. O deputado lembra que o presidente já demostrou inúmeras vezes que não tem nenhum apreço pelas instituições democráticas. “Bolsonaro ameaça o Congresso e o Judiciário porque é um governo autoritário”, diz Daniel.

Na opinião do parlamentar é chegada a hora de lutar pelo “afastamento” de Jair Bolsonaro. “O Congresso Nacional precisa estar à altura do respeito à nossa Constituição. Essa é a nossa visão, é a nossa defesa enquanto parlamentar.”

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