Lá pelos anos 1960, esse era um bordão infalível para zoar com quem vivia de bola, mas não queria nada com o basquete.
Lembro de um desses esforçados azeitadores do eixo do sol que vivia pelo meu bairro, aqui no Recife. Tinha uma grana relativa, os pais viviam bem. E ele, melhor que os pais. Tinha carro, até. Costumava pagar rodadas de chope para os menos afortunados, time no qual eu jogava na extrema esquerda.
Esse folgazão orgulhava-se de sua condição de não bater um prego numa barra de sabão e de levar a vida na valsa. Ou no rock, para ser mais fiel à época.
O tal bordão da mamata era repetido em uníssono quando ele aparecia. E a quem reclamava que ele vivia escorado no dinheiro dos pais, a resposta estava na ponta da língua:
– Mas, meu pai vai dar dinheiro a mim ou a vocês?
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Essa semana, lendo o noticiário político, lembrei de Alex (era o nome dele). A chuva de nomeações de amigos, parentes e aderentes que o governo de Bolsonaro fez chover nos primeiros dez dias de regência trouxe-me de imediato a figura em tela.
Mais ainda, me fez lembrar as respostas dadas pelos envolvidos nessas cenas de nepotismo amplo, geral e irrestrito.
O próprio presidente da República deu sua contribuição para o glossário de desculpas …. Ao ser criticado por nomear um “amigo particular” para uma assessoria na Petrobrás, o chefe do governo foi rápido no gatilho:
– Peço desculpas à (SIC) grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo! – fuzilou o capitão, em seu twitter.
Esse tipo de argumento foi disseminado pelas redes sociais, pelos apoiadores do “mito”. Virou verdade e pronto.
Bolsonaro também postou o currículo do afilhado, argumentando com a competência como requisito ao invés da influência política. O mesmo que fez o vice-presidente Hamilton Mourão para calar os críticos da nomeação do filho a um cargo de salário módico de 36 mil mangos.
Os exemplos não param nos dois. Tem amiga da primeira-dama, tem amigo dos primeiros-filhos. Ao arrepio da ética e do bom senso, o nepotismo campeia em um governo eleito na garupa do discurso da seriedade, da transparência e da moralidade.
Para fechar, recorro ao velho e saudoso Alex, que já seguiu para outro plano. É como se eu o estivesse vendo. Quando a gente gritava o bordão da mamata, ele abria o sorriso e, com a maior cara de não-estou-nem-aí, retrucava:
– Vai nada, mané!
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Por Gilvandro Filho, Jornalista pela Democracia
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