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Cerca de 15 milhões de famílias entraram em crise neste ano, enfrentando desemprego, inadimplência ou dificuldades orçamentárias, segundo a nova edição do 360º Consumer View, levantamento realizado anualmente pela Nielsen, empresa que estuda consumidores em mais de 100 países.

Com isso, o total de domicílios impactados pela crise subiu para 27 milhões neste ano, pouco mais da metade do universo total de 53 milhões de famílias pesquisadas.

O levantamento, porém, não considera todo o território brasileiro. Segundo a Nielsen, a região Norte ficou de fora do estudo.

Ao mesmo tempo, os números também mostram que 12 milhões de famílias saíram da crise neste ano. Outros 14 milhões de domicílios se mostraram imunes às turbulências financeiras.

O levantamento aponta que o número de lares que entraram em crise neste ano superou a parcela daqueles que deixaram as dificuldades para trás, Isso reforça, na visão da Nielsen, um cenário de “looping” (famílias entrando e saindo da crise) que gera “incertezas e dificuldades de forma mais duradoura”.

Segundo o diretor do Painel de Lares da Nielsen Brasil , Ricardo Alvarenga, uma eventual retomada do emprego e da massa salarial, com a inflação ainda controlada – fatores que influenciam o aumento do consumo das famílias – “não vai ser do dia para a noite”.

“Há uma alta concentração de desalentados, que não são classificados como desempregados porque não estão mais procurando emprego. Tem uma população ‘subocupada’ [sem carga horária completa] e, nos trabalhadores informais ou autônomos, a média salarial é mais baixa”, explicou.

O consumo das famílias tem forte peso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 63,4%. Ou seja, mais da metade do que é produzido no Brasil depende da demanda das famílias.

Em 2017, após dois anos de recessão, o PIB voltou a registrar crescimento, com uma alta de 1%. Neste ano, continua em expansão, mas em um ritmo menor do que o esperado anteriormente por analistas.

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Comportamento do consumidor

Esse cenário, para o diretor, resultou no surgimento de um novo tipo de consumidor no Brasil. “Ele é mais cauteloso, faz mais planejamento, pois não sabe como será seu futuro. A crise é muito dura e moldou esse novo comportamento”, afirmou.

Por conta das dificuldades enfrentadas, o brasileiro tem se mostrado mais aberto a trocar de marcas, a buscar rendas alternativas, a recorrer ao crédito no mercado para ganhar poder de compra e a ampliar o número de canais de compra que visita. Esse comportamento visa se adaptar a um orçamento restrito, avaliou a Nielsen.

Alvarenga acredita que essas mudanças no comportamento dos consumidores tendem a se manter nos próximos anos, o que exigirá da indústria e do varejo uma adaptação à nova realidade, oferecendo alternativas de produtos com bom custo/beneficio, além de ter canais de compras alternativos, preços menores, e mais facilidade nas compras por conveniência.

Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

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