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O presidente Jair Bolsonaro é aguardado na sessão da Câmara dos Deputados, no próximo 18 de outubro, em comemoração ao Dia do Médico.

Mas, a 12 dias do segundo turno, comparecer numa atividade de baixo alcance poderá ser interpretado como desprestígio do candidato nas ruas ou um desvario dos organizadores.

O sequestro do Dia do Médico, preso à bolha bolsonarista, foi iniciativa de Hiran Gonçalves (PP-RR), recém-eleito senador pelo Estado de Roraima.

Médico, deputado federal em seu segundo mandato, do mesmo Progressistas do presidente da Câmara, Arthur Lira, Gonçalves fez divulgar vídeo em que confirma a presença de Bolsonaro e conclama: “Vamos lotar as galerias, o plenário, para dar ao povo brasileiro a nossa amostra de unidade”.

Quando presidente da Frente Parlamentar da Medicina, reduto de interesses do setor privado da saúde no Legislativo, o deputado foi autor de iniciativas que ora agradavam, ora dividiam entidades médicas e empresariais.

Durante a pandemia, apoiou desde o protocolo do governo liberando cloroquina para o tratamento da covid até o inviável programa Pró-Leitos, de incentivos para empresas que contratassem leitos privados em favor do SUS.

Relatório de sua autoria previu autorização da venda de planos de saúde populares que, por definição, excluem coberturas.

Como a medida reduziria o mercado de trabalho de especialistas, sociedades médicas lançaram nota de repudio à proposta, que logo sumiu de circulação.

Já quando o parlamentar agiu para manter atos privativos dos médicos, contra a “invasão” de outras profissões, recebeu elogios.

Sua fidelidade às Unimeds costuma gerar ciúmes nos segmentos de medicina de grupo e seguradoras, e sua chancela à lei que derrubou o rol taxativo de procedimentos contrariou todo o setor.

Dar uma no cravo e outra na ferradura como prática legislativa não impediu que o parlamentar e outros apoiadores do presidente tenham traçado para o Dia do Médico um roteiro de ficção do que vem a ser representatividade.

É possível supor que parte dos 564 mil médicos brasileiros vote em Bolsonaro.

Contudo, a profissão médica vem adquirindo nova fisionomia no País, está cada vez mais jovem e feminina.

Políticas afirmativas e créditos educativos permitiram que negros e pobres, embora ainda subrepresentados, se tornassem médicos.

É minoria, mas cerca de um quinto dos médicos trabalha exclusivamente no SUS.

Não foi desprezível a mobilização de médicos que denunciaram os ataques de Bolsonaro e seus aliados à ciência e à vacina.

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