No hall de entrada do apartamento de Leonel Brizola, em Copacabana, uma grande pintura tomava conta da parede oposta à porta do velho elevador.
Era um presente ganho nas eleições de 1982, uma parede simples, de algum lugar pobre, onde seu nome estava pichado, mas o”Z” central, em tamanho maior, figurava-se como aquela que o pessoal mais velho, como eu, via como “a marca do Zorro”, o personagem de um velho seriado dos anos 50, onde um aparentemente “filhinho de papai”, Dom Diego de la Vega, disfarçava-se de roupas e máscara para enfrentar o domínio espanhol sobre o México.
Na cabeça da gurizada, o “bandido” Zorro (raposa, em castelhano) era, claro, o herói proibido.
Lula poderia ter sido outro político, apenas, decerto, que com uma imensa carga simbólica pelo que fez.
Talvez sequer sobrevivesse a uma nova disputa eleitoral, ou mesmo se interessasse por ela, aos 72 anos de uma vida consumida pela política.
Aos 67, quase 68, vi Leonel Brizola ser “apertado” pela mulher, Neusa, a viver mais a família, após a derrota de 1989. A vitória eleitoral de 1990, no Rio, marcaria, afinal, o início de seu ocaso.
A ânsia do golpismo, talvez mais que o medo de que ele ressurgisse, levaram aos acontecimentos que todos sabemos.
Os homens do poder – dinheiro e mídia – puseram-lhe uma matilha atrás, composta de empertigados “intocáveis” e chefiada por um juiz cuja mandíbula proeminente e as camisas pretas emprestavam-lhe um ar autoritário bem ao gosto de uma classe média imbecilizada.
Lula passou a ser o perseguido e, depois, proibido.
E saiu do terreno físico para o simbólico.
Passou a ser não apenas memória, mas esperança.
Os cinco meses de prisão, com a qual pretendiam sepultá-lo, fazem parte de sua ressurreição.
O silêncio e o desaparecimento a que o submeteram fazem sua voz e sua figura dominarem toda a política.
Lula adquiriu a força do mártir, da lenda.
Forçado à condição de fantasma, pela cela em que pensam que o mantém incomunicável, assombra todos os dias e noites de seus algozes.
Impedem-no de falar que, por isso, Fernando Haddad é sua projeção nestas eleições, mas isso os apavora durante todos os dias e noites.
Quanto mais atacam Haddad “por ser de Lula”, mais o inflam justo “por ser de Lula”.
Deu-lhe instruções precisas: esqueça os outros, os “50 tons de Temer”.
– Só dois nomes, Fernando, o meu e o de Temer, porque Temer é a chaga do golpe que os une.
O povo, que fincou pé nas pesquisas com seu líder, começa a fluir para o representante de seu líder.
Sem barulho, em silêncio.
E mais rápido do que imaginam os “sabidos” que acham que o povão é burro, ignorante, fraco.
POR FERNANDO BRITO
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