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Uma reportagem do El País, apontou inúmeras suspeitas em um contrato assinado entre o Exército e uma empresa espanhola, Tecnobit, para o desenvolvimento de um software de simulação de armas de fogo. Segundo o coronel da reserva Rubens Pierrotti, que era supervisor operacional no processo de desenvolvimento do Simulador de Apoio de Fogo (SAFO) do Exército Brasileiro, desde a origem do edital já estava claro o direcionamento da licitação para a vencedora e que após uma série de controvérsias em relação a execução do contrato o General Mourão tomou a frente da relação com a empresa, papel no qual passou a receber um monte de vantagens indevidas como o pagamento de viagens, jantares e outras regalias.

À época do início da licitação, em 2010, estava clara a intenção do governo brasileiro de estreitar os laços militares com o governo da Espanha, e o contrato assinado com a empresa Tecnobit posteriormente serviu de mero pretexto. Na mediação da relação da empresa com o Exército também atuou um conhecido lobista espanhol, definido pelo próprio general como um “mercador da morte”, e que dois anos antes da assinatura do contrato foi condecorado pelas próprias Forças Armadas brasileiras com o grau de cavaleiro.

Após a assinatura do contrato, ficou evidente a falta de capacidade técnica da empresa para realizar o desenvolvimento do software. Pierrotti e outros membros do corpo técnico do Exército chegaram a reprovar por oito vezes etapas do desenvolvimento do software. Foi quando o general Antonio Hamilton Martins Mourão, na época vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, passou a intervir junto ao projeto, com a intenção de “resolver a situação”. Essa resolução passou por jantares, pagamento de passagens- inclusive de sua esposa-, e mordomias pagas pela empresa que reforçam a acusação de possíveis processos ilegais entre a Tecnobit e o general do exército.

O nebuloso envolvimento do general no caso demonstra como a apesar do discurso anti-corrupção das forças armadas, a própria instituição está envolvida até o pescoço em casos comprometedores. A idoneidade da instituição é uma falácia construída como o abafamento por meio da repressão de diversos casos de corrupção ocorridos durante a Ditadura, da qual Bolsonaro e Mourão são defensores ferrenhos. Outra contradição do discurso da chapa Bolsonaro-Mourão expressa pelo caso é a defesa retórica dos interesses nacionais enquanto se submete aos interesses imperialistas estrangeiros, no caso espanhóis.

Plantão Brasil
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