Filhos do presidente pagaram R$ 31 mil em caso que virou disputa judicial; uso de repasses em espécie é evidência de esquema de corrupção apontado pelo MP
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O senador Flávio e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) pagaram R$ 31 mil com dinheiro vivo para cobrir prejuízos que tiveram em investimentos feitos na Bolsa de Valores, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada na noite desta quinta-feira (11).
Os investimentos foram realizados por meio de uma corretora de valores. O repasse para quitar a dívida ocorreu em maio de 2009, dentro do período sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a suposta “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. Carlos também é alvo de investigações do MP, sob suspeita de empregar funcionários fantasmas na Câmara Municipal do Rio.
O uso de dinheiro vivo foi relatado pelos dois filhos do presidente Jair Bolsonaro à Justiça de São Paulo em processos que moveram contra o Citigroup, banco que comprou a Intra, corretora que originalmente negociou com os dois irmãos.
Eles acusam um operador da corretora de realizar investimentos em desacordo com suas orientações. Ambos perderam a ação em primeira instância. Os pagamentos cobriram o prejuízo do investimento, iniciado em 2007. Carlos declarou ter repassado R$ 130 mil à Intra, e Flávio, R$ 90 mil.
De acordo com os processos, Flávio e Carlos foram informados em maio de 2009 de que tinham um débito de R$ 15,5 mil cada a quitar por perdas ocasionadas pela crise financeira de 2008 que atingiu fortemente a Bolsa.
No processo, Flávio afirma que foi informado pelo gerente da mesa de operações da corretora sobre o débito. A entrega do dinheiro ocorreu na casa dele, à época em Botafogo, zona sul do Rio.
“Assustado, o autor disse que não dispunha deste valor em conta corrente, mas entregaria o referido valor em espécie, no intuito de não ter o seu nome negativado e de não recair sobre si a ‘responsabilidade’ pelo não pagamento de funcionários da corretora”, escreveu a defesa de Flávio.
Esquema da “rachadinha”
O uso de dinheiro vivo é uma das evidências apontadas pelo MP sobre a existência da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio. Segundo os promotores, o operador do esquema era o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e amigo do presidente Jair Bolsonaro há mais de 30 anos.
As investigações apontam que alguns assessores de Flávio sacavam seus salários e repassavam para Queiroz. Para os promotores, as transações eram a forma de lavagem do dinheiro obtido com a “rachadinha”, além da operação de uma loja de franquia de chocolates e vendas de apartamentos.
O relato feito por Carlos é semelhante ao do irmão, descrevendo também o uso de recursos em espécie para pagar o débito, de mesmo valor.
Irmãos negam irregularidade
Procurados pelo jornal, os irmãos Flávio e Carlos Bolsonaro afirmaram, em nota conjunta, que o pagamento em espécie não configura uma irregularidade. Eles também buscaram desvincular o episódio dos fatos em investigação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
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