Ao todo, são quase dois milhões de atingidos nas enchentes que atige praticamente 90% do Rio Grande do Sul
A tragédia no Rio Grande do Sul lidera a lista de maiores catástrofes causadas pelas chuvas no Brasil, nos últimos dez anos, quando considerado o número de atingidos. Com quase dois milhões de vítimas, o estado já registrou mais de 100 mortos e centenas de feridos.
O Metrópoles fez um levantamento com base em dados do Sistema Integrado de Informações a Desastres (S2iD), do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional, e da Defesa Civil, e separou as cinco maiores tragédias causadas pelas chuvas nos últimos 10 anos. Todas elas aconteceram a partir de 2020.
Geógrafo e professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba, Saulo Vital explica que todas as tragédias causadas por chuvas têm em comum o fato de serem resultado da falta de medidas de planejamento e prevenção frente a desastres.
“O potencial do desastre é resultado da vulnerabilidade das populações, que é o resultado da exposição ao risco, dada pela infraestrutura e outros indicadores socioeconômicos e ambientais, e a capacidade de resiliência — de planejamento, enfrentamento e, numa situação mais extrema, de reconstrução frente a um eventual desastre. Então, isso demonstra que precisa haver um investimento público em infraestrutura, prevenção e ações de resposta”, explica o especialista.
Rio Grande do Sul, 2024
As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último dia 27 já afetou quase 90% dos municípios do estado. A região registra diversas ocorrências de alagamentos, deixando cidades inteiras debaixo d’água.
O desastre é consequência dos efeitos das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño, de acordo a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo a Defesa Civil, são mais de 120 mortos, 700 feridos e 408 mil desalojados. Dos 497 municípios, 437 foram afetados — 88% do estado.
Petrópolis (RJ), 2022
Em fevereiro de 2022, Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi atingida por fortes chuvas que causaram inundações e cerca de 775 deslizamentos de terra. Foram 330 mil pessoas afetadas e 241 mortes.
A catástrofe deixou diversas famílias desabrigadas. As áreas mais atingidas foram Alto da Serra, Morro da Oficina, Sargento Boening, Chácara Flora e Vila Felipe.
Pernambuco, 2022
Entre o fim de maio e início de junho de 2022, deslizamentos causados pelas chuvas assolaram a região metropolitana de Recife e a Zona da Mata, em Pernambuco. Ao todo, 130 mil pessoas foram afetadas e 133 morreram.
A chuva foi mais intensa nos dias 25 e 28 de maio, com 100–200 mm e 151–250 mm acumulados, respectivamente. Cerca de 68 mil casas ficaram danificadas e 3 mil destruídas completamente.
Minas Gerais, 2020
Em janeiro de 2020, Belo Horizonte registrou seu mês mais chuvoso da história, acumulando cerca de 935 milímetros de precipitação, três vezes mais do que a média histórica. Em apenas três dias, 320,9 mm de chuva caíram na cidade.
As chuvas, que ocorreram de outubro de 2019 a março de 2020, resultaram em 74 mortes em 33 municípios, conforme informações da Defesa Civil do estado. Mais de 53 mil pessoas foram afetadas, com Belo Horizonte (14), Ibirité (6) e Betim (6) sendo os municípios mais atingidos em termos de óbitos, principalmente devido a deslizamentos, enxurradas e soterramentos. Cerca de 274 municípios declararam estado de emergência durante esse período.
São Sebastião (SP), 2023
Em fevereiro de 2023, em pleno Carnaval, deslizamentos de terra provocados por um temporal histórico causaram mortes e destruição no Litoral Norte de São Paulo. Foi a maior chuva já registrada no país, com acumulado de 683 milímetros. No total, 3 mil pessoas foram afetadas.
Ao todo, 65 pessoas morreram, casas foram destruídas e rodovias bloqueadas. A cidade mais prejudicada foi São Sebastião. A Vila Sahy, na Costa Sul do município, foi a mais atingida por deslizamentos de terra e ficou totalmente destruída. O local soma a maior parte das vítimas da tragédia.
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Com informações do Metrópoles
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