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Lula enfrenta pressões de partidos aliados por mudanças ministeriais para fortalecer a relação com a base na Câmara e no Senado. Trocas pontuais, como a saída de Paulo Pimenta, refletem a disputa por espaço entre as legendas e o desafio político até 2026

Em entrevista na semana passada, Rui Costa disse que Lula está focado em

Em entrevista na semana passada, Rui Costa disse que Lula está focado em “aperfeiçoar a gestão” – (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A expectativa por mudanças no primeiro escalão do governo Lula tem sido o centro das atenções na política em Brasília neste início de ano. Com o Congresso de recesso e prestes a eleger os novos presidentes da Câmara e do Senado, a definição dos novos ocupantes do primeiro escalão será crucial para definir a relação do Executivo com o Legislativo este ano.

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Sem agradar os caciques que controlam o Congresso, o governo não conseguirá aprovar matérias com apoio popular que terão peso na disputa eleitoral de 2026, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Nessa equação, está, ainda, o pagamento de emendas parlamentares, que foi uma pedra no sapato tanto do governo quanto do Congresso em 2024.

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A expectativa é de que as mudanças nos ministérios, se autorizadas pelo presidente, sejam realizadas até 21 de janeiro, quando deve ocorrer a primeira reunião ministerial do ano. A informação foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, na semana que passou. “O presidente está focando em aperfeiçoar a gestão. Portanto, há um indicativo do presidente de que as mudanças que ocorrerem, ele deve fazer neste mês, até para quem entrar ter mais tempo de fazer as alterações que o presidente espera. Nós teremos uma reunião de ministério no dia 21 e eventualmente as alterações, se o presidente assim decidir, podem ser feitas antes dessa reunião ministerial”, disse o ministro Rui Costa (Casa Civil) à GloboNews.

Divisão

Além do PT, com 11 ministérios, o governo tem atualmente ministros do PDT, PCdoB, PSol, Rede, Republicanos, PP, MDB, PSB, do União Brasil e do PSD. Os quatro últimos são os que ocupam mais chefias de pastas no primeiro escalão depois do partido do presidente, com três ministros cada.

O PSD, especificamente, tem pressionado por mais espaço, ou, ao menos, por cargos mais relevantes. A sigla ocupa hoje a Agricultura (Carlos Fávaro); a Pesca (André de Paula) e o Ministério de Minas e Energia (Alexandre Silveira).

Ainda não há indicativos de quantas mudanças serão feitas. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse, na última semana, que não é possível classificar as mudanças como uma “reforma ministerial”. “Não acredito que o presidente Lula vá fazer uma reforma ministerial. Ele fará mudanças pontuais, como fez na área da comunicação do governo”, disse Alckmin em entrevista à Rádio Eldorado. O vice-presidente pode deixar o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Serviços, para facilitar a dança das cadeiras.

A demissão do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), foi a primeira em 2025. Ele foi o quinto a cair desde o início do terceiro mandato de Lula. A mudança já era esperada desde o ano passado, quando se intensificaram as críticas ao trabalho do ministro tanto dentro quanto fora do governo.

  • dezembro, durante um evento do PT em Brasília, Lula praticamente anunciou a demissão de Pimenta. Disse que havia problemas de comunicação no governo e que era “obrigado” a fazer mudanças. Também admitiu que se esforçava pouco para dar entrevistas e que queria adotar uma postura diferente.

Na ocasião, o próprio PT, partido ao qual Paulo Pimenta também é filiado, aprovou uma resolução sugerindo mudanças na estratégia de comunicação do governo, embora tenha evitado falar sobre a possibilidade da saída do ministro. Para a cúpula do partido, Lula precisaria aparecer mais em rádios e TVs para dar publicidade aos atos do governo, especialmente aqueles que podem se traduzir em mais apoio popular.

Espaço do PT

Com a saída de Pimenta, o PT passará a ter o comando de 10 ministérios na Esplanada. Esse número ainda pode cair se o governo decidir reduzir o espaço do partido para acomodar os partidos do Centrão. Há, ainda, uma dúvida pairando sobre a Secretaria de Relações Institucionais, comandada pelo ministro Alexandre Padilha.

Ele, que é responsável pela articulação com o Congresso, deixou a desejar em 2024, na opinião de líderes partidários. No início do ano, chegou a balançar no cargo quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o chamou de incompetente publicamente e disse que não haveria mais conversa com o ministro. Quem teve que assumir as conversas com a Câmara foi Rui Costa.

Ao longo do ano, a tensão diminuiu. Terminou 2024 com a moral alta depois da aprovação do pacote de corte de gastos, embora o crédito das articulações seja principalmente de Lira, de Rodrigo Pacheco (presidente do Senado, PSD-MG) e dos líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso. 

Com a saída de Lira da Presidência da Casa Baixa em fevereiro, Padilha talvez ganhe uma sobrevida. O cotado a assumir a Câmara é Hugo Motta (Republicanos-PB), que é visto nos bastidores como um perfil mais “amigável”. No Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) também tem alinhamento com o governo similar ao de Rodrigo Pacheco. Lula sabe, no entanto, que errar na articulação com o Congresso este ano pode custar a eleição de 2026 e isso será considerado na hora de decidir quem fica e quem sai.

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