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Presidente afirmou ser “descabido” o pedido de informações dos Estados Unidos sobre a transação entre o Brasil e a empresa sueca Saab

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com presidente dos EUA, Joe Biden, durante reunião do G7 na Itália
14/06/2024
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com presidente dos EUA, Joe Biden, durante reunião do G7 na Itália 14/06/2024 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

Em entrevista nesta sexta-feira (11) à rádio O Povo/CBN de Fortaleza, o presidente Lula (PT) criticou duramente o pedido de informações feito pelos Estados Unidos sobre a compra dos caças suecos Gripen pelo Brasil. O negócio, firmado em 2014 durante o governo da então presidente Dilma Rousseff, envolveu a aquisição de 36 aeronaves do modelo Gripen, fabricadas pela Saab, como parte do Projeto FX-2, considerado a maior compra militar da história recente do Brasil e da América Latina. Lula, em suas declarações, destacou a soberania do país na decisão e classificou a ação americana como uma “intromissão” injustificada.

“Eu não tenho conhecimento de como foi comprado o avião. O que eu sei é que a companheira Dilma comprou um avião que era acho que mais econômico, me parece que mais barato e a manutenção custava menos. E é um avião de um conjunto de países. É um sueco que tem participação da Inglaterra e de vários outros países. E eu sinceramente acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão dos Estados Unidos em uma coisa de outro país. É descabida essa informação”, disse Lula, evidenciando seu desconforto com a postura americana.

A controvérsia emergiu após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) anunciar uma investigação envolvendo a Saab. O DOJ solicitou à fabricante sueca esclarecimentos sobre o contrato bilionário com o Brasil, o que levanta suspeitas sobre os reais interesses norte-americanos. Em resposta, a Saab garantiu que cooperará com as investigações e reiterou que já foi investigada anteriormente por autoridades brasileiras e suecas, sem que qualquer irregularidade fosse encontrada.

Ação americana levanta suspeitas de lawfare – O uso do termo lawfare para descrever a ação dos Estados Unidos não é por acaso. O conceito, que combina “lei” e “guerra”, refere-se ao uso estratégico de processos judiciais como ferramentas para intimidar e constranger adversários econômicos ou políticos. Para analistas, a ofensiva americana contra a Saab reflete uma tentativa de enfraquecer a empresa sueca e, indiretamente, favorecer seus próprios interesses industriais no setor de defesa.

Lula também relembrou suas experiências passadas com a pressão americana: “Os americanos, na verdade, são meio ‘hegemonistas’. Quando eu era presidente eu queria comprar um [Dassault] Rafale francês, porque tem mais tradição, mais experiência. Eu não quis comprar porque faltava nove meses para deixar o governo e eu falei ‘bom, é uma dívida muito grande, vou deixar para o próximo presidente escolher’. Mas os americanos não gostaram quando eu disse que ia comprar. Eles queriam que comprasse o avião deles. E certamente não gostaram quando a Dilma disse que ia comprar o sueco”.

Repercussão internacional e implicações para o Brasil – Especialistas europeus e brasileiros veem com ceticismo a investigação do DOJ. Na Europa, há um consenso crescente de que as ações judiciais dos Estados Unidos têm se tornado uma forma de manipular o mercado global de defesa, prejudicando empresas que não seguem a cartilha dos interesses americanos. No Brasil, o presidente Lula expressou confiança na decisão de Dilma Rousseff e nas Forças Armadas, que apoiaram a escolha pelo Gripen. 

Com informações do Brasil 247

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