Numa dura ofensiva contra o clã Bolsonaro, a Globo, que liderou o golpe de 2016 no Brasil e criou as condições para a ascensão do neofascismo no País, agora escala todos os seus colunistas para alertar contra o caráter autoritário do bolsonarismo. “Golpes às vezes são dados com o pretexto de acelerar mudanças econômicas. O presidente Bolsonaro, a sua família e alguns em seu entorno já louvaram tantas vezes as ditaduras que ignorar isso é insensatez”, diz a jornalista Miriam Leitão
O grupo Globo de comunicação, que chocou o ovo da serpente do fascismo no Brasil, ao liderar o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e a campanha midiática pela prisão ilegal do ex-presidente Lula, agora se mostra preocupado com a escalada autoritária do clã Bolsonaro – o que é consequência da irresponsabilidade editorial da própria Globo. “Os períodos autoritários sempre nasceram simulando a defesa de ideias que não poderiam ser implantadas na democracia. As instituições democráticas seriam estorvo nessa visão autoritária. No Brasil, dizia-se que 1964 fora também contra a corrupção e a inflação. Quem conseguiu vitórias nas duas frentes foi a democracia. Golpes às vezes são dados com o pretexto de acelerar mudanças econômicas. O presidente Bolsonaro, a sua família e alguns em seu entorno já louvaram tantas vezes as ditaduras que ignorar isso é insensatez. Esse é o contexto da mensagem do segundo filho”, escreve hoje a jornalista Miriam Leitão, no artigo A democracia como estorvo, sobre os ataques à democracia feitos por Carlos Bolsonaro, o Carluxo.
Miriam também critica o exibicionismo de Eduardo Bolsonaro com suas pistolas. “Em todos os gestos, os filhos do presidente se colocam como fidalgos, o que também não é democrático. Quem seria admitido em um grande hospital portando arma? Eduardo repetiu ontem o gesto na Firjan. Se virar embaixador nos Estados Unidos ele conseguirá embarcar, desembarcar, fazer diplomacia com a pistola no cinto?”, questiona.
Ela também afirma que o atual governo, além de não gerar crescimento, também desmonta os órgãos de combate à corrupção. “A campanha inventou que o bolsonarismo era herdeiro da onda de combate à corrupção que já vinha ocorrendo pela via democrática. Prometeu também crescimento econômico. Nove meses depois, há evidentes ataques à operação de combate à corrupção, e a economia desacelerou da fraca retomada que chegou a esboçar em meados do ano passado. E isso está decepcionando quem acreditou nas promessas de campanha. Aí veio a tentativa de achar um culpado. No caso, seria a democracia. Até agora, o que houve foi o desmonte do combate à corrupção patrocinado direta ou indiretamente pelo grupo no poder”, escreve.
“As palavras querem dizer o que elas dizem. Não adianta tentar consertá-las depois. Tratar como naturais declarações antidemocráticas só porque elas são recorrentes é deixar-se entorpecer pelo absurdo. É exatamente a repetição que as torna mais graves”, conclui Miriam. Só faltou dizer “volta PT”.
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