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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) listou uma série de provas do suposto esquema de negociação de joias feitos por aliados e auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As peças foram recebidas como presentes durante viagens oficiais do governo anterior.

Além de diversas trocas de mensagens e áudios, a PF listou outros elementos, que incluem registros de localização nos aplicativos Waze e Uber, conexão na rede Wi-Fi de uma loja de relógios, comprovantes de compra e de saque, passagens aéreas e o leilão online das peças.

Esses elementos foram citados na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou mandados de busca e apreensão em endereços de aliados do ex-mandatário.

Entre os alvos da operação deflagrada na manhã desta sexta-feira (11) estão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o pai do militar, o general Mauro Cesar Lourena Cid; além de outro ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Osmar Crivelatti. Outro alvo é Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.

Confira as provas:

Comprovante de venda

Em junho do ano passado, Mauro Cid aproveitou uma viagem oficial de Bolsonaro aos Estados Unidos para vender dois relógios que haviam sido recebidos pelo então presidente, das marcas Rolex e Patek Philippe. O tenente-coronel guardou um comprovante da compra em seu armazenamento de nuvem.

O documento mostra que os relógios foram vendidos por US$ 68 mil. O dinheiro da venda foi depositado em uma conta de Mauro Lourena.

Comprovante de venda de relógios. Foto: Reprodução

Waze e Wi-Fi

Além do documento, a PF também comprovou que Cid esteve no local por dois rastros que ele deixou. Na data, o militar buscou no aplicativo Waze — utilizado para direções — um endereço do shopping onde fica a loja, especializada em vendas de relógios novos e usados. Depois, utilizou a rede de Wi-Fi do local.

Metadados

Cid tinha fotos de um conjunto de joias da marcha Chopard, dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente. Os metadados — um conjunto de informações de um arquivo — mostram que as fotos foram tiradas na casa do militar, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília. O registro foi feito no dia 19 de dezembro.

Número de série de relógio

Neste ano, Cid e outros auxiliares do ex-presidente tentarem vender o conjunto Chopard. A PF encontrou o artigo em um site de leilões, com a estimativa de arrecadação entre US$ 120 mil e US$ 140 mil. Foi possível identificar que era o mesmo kit através do número de série do relógio.

Leilão online de conjunto de joias recebido por Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Código de rastreio

Após o leilão falhar por falta de compradores, o conjunto de joias foi enviado de Nova York, onde fica a loja, até a Flórida, onde Bolsonaro estava hospedado. O tenente-coronel enviou um código de rastreio do pacote para Osmar Crivelatti. Quando o advogado confirmou a entrega, Cid comemorou em uma mensagem: “Ufa”.

Registros de passagens

Quando o Tribunal de Contas da União (TCU) se preparava para determinar a entrega dos presentes recebidos pela Arábia Saudita, os auxiliares de Bolsonaro começam a preparar um esforço para retomar os itens vendidos.

No dia 11 de março deste ano, o advogado Frederick Wassef embarcou em um voo saindo de Campinas (SP) em direção a Fort Lauderdale, na Flórida. No mesmo dia, trocou mensagens com Cid.

Em paralelo, Cid conversava com o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, atual assessor de Bolsonaro, sobre a possibilidade de uma decisão do ministro Augusto Nardes, do TCU, ser revista.

Comprovante de saque

No dia 27 de março, quando estava nos EUA, Cid sacou cerca de US$ 35 mil de uma conta do BB Américas. O comprovante do saque foi apreendido em sua casa em Brasília.

Comprovante de saque de US$ 35 mil feito por Cid nos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Uber

Ainda no dia 27, houve um registro no Uber de Cid do endereço de uma loja de joias em Miami. Mais tarde, o militar mandou uma mensagem para Crivelatti: “Resolvido”. Depois, pede o envio do “cadastro dos presentes”, “caso seja parado amanhã”.

Publicado por Caroline Saiter

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