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O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), em artigo especial, afirma nesta terça-feria (11) que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) age sob os signos da predação e do mal.

Verri afirma que toas as previsões no “zodíaco” se confirma e o país marcha rumo às 200 mil mortes por Covid-19, bem como destaca o atraso na economia.

“Ele segue seu plano de remontar o Brasil do carro de boi”, denuncia.

“Ao mesmo tempo em que combate os brasileiros, e não o vírus, a política de Bolsonaro com o Brasil, também não deixa dúvidas quanto ao que ele pensa deste País e de soberania nacional”, dispara o líder petista.

Para Enio Verri, a única maneira de interromper essa predação é com o impeachment de Bolsonaro, o cancelamento de uma eleição fraudulenta e a convocação de novas eleições.

Leia a íntegra do artigo:

Sob o signo da predação

Enio Verri*

Em todos os sentidos e frentes que se possa observar, o governo Bolsonaro tem a predação como signo. O País já passou dos 100 mil mortos, anunciados meses antes. Não há nada em horizonte próximo que indique políticas concretas de combate ao coronavírus, cujas mortes chegarão, em outubro, a 200 mil, como também revelou o cientista Domingos Alves, que acertou a primeira previsão. Começou pela negação, quando não foi devidamente censurado. Depois, chamou a Covid-19 de gripezinha e a catástrofe está instalada. Do ministro interino e de enfeite da Saúde, palavas vazias que ele vem dizendo há 87 dias. Afinal, dos mais de 41,6 bilhões destinados ao combate da pandemia, o Ministério da Saúde utilizou pouco mais de R$ 19,4 bilhões. Inépcia, amadorismo, pouco caso. De tudo um pouco num governo de notáveis demolidores de um país que já foi a 6ª economia mundial, coisa impensável e inaceitável para a classe dominante.

A política de Bolsonaro não deixa dúvida de que a sua prática está muito longe das recorrentes parábolas bíblicas que ele abusa e ofende sempre que quer demonstrar o quão é cristão. Como não bastasse negar e desdenhar, o presidente estimulou e participou de aglomerações e defendeu uma volta à normalidade para se adquirir uma suposta imunidade de rebanho. Disse que os pobres deveriam fazer o sacrifício de voltar a trabalhar. Bolsonaro só não contou quantas centenas de milhares de vidas isso custaria. Enquanto há um estoque de cloroquina, para quase 20 anos, faltam medicamentos básicos para UTIs, equipamentos de proteção e instrumentos hospitalares, porque o Brasil tem um presidente que, ao invés de agir para debelar a declarada calamidade pública, diz que “é preciso tocar a vida”. Mais uma demonstração do seu desprezo pelos brasileiros, eminentemente os pobres, ampla maioria dessa macabra contabilidade.

Ao mesmo tempo em que combate os brasileiros, e não o vírus, a política de Bolsonaro com o Brasil, também não deixa dúvidas quanto ao que ele pensa deste País e de soberania nacional. A privilegiada condição biodiversa, as maiores reservas de água do planeta e a exuberante e cobiçada extensão de terras agricultáveis foram legitimamente usadas pela diplomacia brasileira, ao longo de décadas, para estabelecer acordos comerciais, tecnológicos, de segurança, bem como projetou o Brasil como liderança nas decisões de políticas mundiais para o meio ambiente. Porém, recente despacho do Itamaraty é uma predação da soberania, mais uma humilhação aos brasileiros, tratados como povo de segunda categoria. O sabujo chanceler, Ernesto Araújo, dissolveu a frente diplomática brasileira, colocando o Brasil na periferia do debate, apequenado-o às microscópicas estaturas de Bolsonaro e seu governo.

Ele segue seu plano de remontar o Brasil do carro de boi. Mantém à risca o modelo de Estado que a brejeira e provinciana classe dominante encomendou a ele e a Paulo Guedes. Trata-se de mais uma predação, por meio da qual as ferramentas construídas com o suor e o sangue dos brasileiros, que fariam o Brasil superar as crises sanitária e econômica, são desmontadas e vendidas aos pedaços para não ter de passar pelo Congresso Nacional. Em países onde a população respeita e faz respeitar sua soberania, empresas que desejam atuar em seus territórios, devem competir com as companhias desses países e mostrarem que são competentes. Já no Brasil, a casa-grande, sem ligação com esta terra, mas que domina a política e a economia, trata o patrimônio nacional como seu e o vende, simplesmente. O governo oferece as empresas brasileiras a outros países para eles competirem, com um patrimônio construído pela classe trabalhadora,

Bolsonaro arrendou, por 10 anos, sem necessidade alguma, duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, com capacidade instalada de produção de 1,3 mil e 1,8 mil toneladas, por dia, no país cuja base da economia é bater recordes de produção de grãos e ter o maior rebanho de gado do mundo. Agora, esse patrimônio pertence a uma empresa privada, que ficará com o que se revertia para o Brasil. O governo está entregando as refinarias. Em defesa dos interesses de outros povos, Bolsonaro está predando a competência que o Brasil tem de desenvolver e deter tecnologias. Na esteira dessa destruição e pouco caso com este País, ainda serão privatizados, Correios, Caixa,

Banco do Brasil, Eletrobras e tudo mais que essa horda encontre que possa agradar o mercado financeiro. Já nesse aspecto, infelizmente, o Brasil não tem apenas Bolsonaro de inimigo, mas certa imprensa, que defende abertamente a supressão da soberania. A única maneira de interromper essa predação é com o impeachment de Bolsonaro, o cancelamento de uma eleição fraudulenta e a convocação de novas eleições. Os fatos revelados são como a luz de um dia límpido, o que faltam são olhos institucionais e da opinião pública para dar por eles.

*Enio Verri é economista e professor aposentado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal e líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.

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