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Se alguém quiser uma razão concreta para os Estados Unidos terem interferido na política brasileira, sobretudo através da influência sobre as operações judiciais que derrubaram a indústria nacional de óleo e gás, os números compilados pelo Cafezinho, com exclusividade, podem ser bastante úteis.

O óleo diesel, como já dissemos em outros posts, é o principal produto importado pelo Brasil. Há uma razão histórica para isso. O Brasil concentrou toda infra-estrutura de escoamento de sua produção em caminhões movidos a diesel. Foi uma opção economicamente equivocada, especialmente quando consideramos o tipo de produto exportado pelo país: produtos extremamente pesados, como minérios, soja, café, que exigem grande quantidade de conteineres para serem embarcados.

Atualmente, todavia, os esforços para implementar ferrovias são sabotados pelos próprios latifundiários, porque estes se tornaram donos das frotas de caminhões.

Segundo o sistema Alice, gerido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que monitora mensalmente os dados do comércio exterior, o Brasil importou mais de R$ 20 bilhões em óleo diesel nos últimos 12 meses até janeiro de 2018. Em dólar, este valor foi de US$ 6,09 bilhões, o que correspondeu a um aumento de 92% sobre o ano anterior.

Considerando todos os produtos, as importações brasileiras cresceram cerca de 10% nos 12 meses até janeiro, totalizando US$ 153 bilhões.

O óleo diesel teve uma participação, portanto, de 4% sobre todos os produtos importados pelo Brasil.

Em quantidade, a importação brasileira de oleo diesel nos últimos 12 meses totalizou 11,7 milhões de toneladas, um recorde histórico; deste total, os EUA forneceram 79% em 2017/18.

O brutal aumento da importação brasileira de óleo diesel apenas se explica pela decisão entreguista do governo Temer, sob pressão da Lava Jato, de paralisar a produção de nossas próprias refinarias. A bem da verdade, a paralisia do parque nacional de refino já vinha acontecendo desde 2014, com o início da operação Lava Jato, cujas ações, disseminando-se por todos os órgãos de controle, pareciam ter como objetivo exatamente esse: paralisar, suspender ou cancelar todos os projetos nacionais de ampliação da nossa capacidade de refino de petróleo.

O país fornecedor que mais se beneficiou, de longe, desse aumento da demanda brasileira por óleo diesel (e derivados de petróleo em geral) foi, naturalmente, os Estados Unidos.

Simultaneamente ao aumento da importação brasileira de óleo diesel, as refinarias norte-americanas começaram a aumentar, muito rapidamente, as suas vendas para o Brasil, ampliando seu market share.

A participação das refinarias norte-americanas na importação brasileira de oleo diesel passa de 42% há dois anos, antes do golpe, para quase 80%, nos últimos 12 meses.

As exportações norte-americanas de óleo diesel para o Brasil totalizaram 9,29 milhões de toneladas, nos últimos 12 meses, e geraram, para os EUA, quase US$ 5 bilhões, um aumento (em valor) de 101% sobre o ano anterior.

Sempre é bom lembrar que o juiz Sergio Moro, em 2015, rodava o país fazendo palestras em que dizia que os projetos de construção de refinaria no Brasil não eram uma boa ideia. Moro votava um ódio particular à Abreu e Lima, cuja construção a Lava Jato não conseguiu evitar, porque já estava adiantada quando a operação começou. A Lava Jato conseguiu apenas atrasar o máximo que pode o início de sua operacionalização. Em suas palestras, Moro dizia que delatores da Lava Jato lhe haviam dito que, segundo se comentava nos corredores da Petrobras, a Abreu e Lima “não se pagava”.

Bem, em cinco anos, o Brasil importou quase US$ 30 bilhões apenas em óleo diesel. Se somarmos o que gastamos na importação de gasolina, nafta, ureia e outros derivados de petróleo, esse número pode triplicar para US$ 90 bilhões, o que dava para construir uma dúzia de Abreus e Lima.

Somente as refinarias norte-americanas, e considerando somente a exportação de óleo diesel, ganharam cerca de 50 bilhões de reais do Brasil, nos últimos cinco anos.

Vale a pena financiar um golpe, não?