Situação pior no G-20 vivem apenas a Argentina, que até novembro acumulava em 12 meses uma inflação de 52,1%, e a Turquia, cujo índice é de 36,08%
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial terminou o ano de 2021 em 10,06%, maior taxa desde 2015. Situação pior no G-20 vivem apenas a Argentina, que até novembro acumulava em 12 meses uma inflação de 52,1%, e a Turquia, cujo índice é de 36,08%, já atualizado em dezembro.
Países como Austrália, Canadá, China e Coreia do Sul adotaram medidas muito mais restritivas ao longo da pandemia para cortar a disseminação da Covid-19 e têm uma inflação acumulada inferior à do Brasil, porque as ações sanitárias não são o único fator a justificar a flutuação dos preços.
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Diversos países do G-20 ainda não divulgaram os índices de inflação atualizados em dezembro. Nenhum deles, no entanto, “ultrapassará” o Brasil no ranking, dada a diferença no acumulado em 12 meses.
Confira:
Leia também reportagem da Reuters sobre o assunto:
SÃO PAULO (Reuters) – A inflação ao consumidor no Brasil encerrou 2021 acima de 10%, quase o dobro do teto da meta e no nível mais elevado em seis anos, sob forte influência dos preços dos combustíveis no ano passado e mantendo a pressão sobre o Banco Central.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou no ano passado avanço de 10,06%, estourando com força o teto do objetivo oficial, que é de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado acumulado no ano passado foi o mais elevado desde 2015, quando o índice fechou a 10,67%. Também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 9,97% e foi ainda muito superior à alta de 4,52% vista em 2020.
Com o estouro da meta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá que escrever uma carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando os motivos de o objetivo não ter sido cumprido, a sexta vez que isso ocorre desde a criação do sistema de metas para a inflação, em 1999.
A última vez em que isso aconteceu foi em 2017, porém naquela ocasião, a carta teve de explicar por que a inflação terminou o ano abaixo do piso da meta, e não acima.
O ano de 2021 foi marcado, como o BC já vinha destacando, por choques de custos em meio à pandemia de Covid-19, que afetou a cadeia de oferta global e provocou alta dos preços em todo o mundo.
A economia brasileira também enfrentou alta de commodities e desvalorização da taxa de câmbio, bem como avanço nos preços dos combustíveis e crise hídrica que pegou em cheio as contas de luz.
VILÕES
O maior vilão no bolso dos consumidores em 2021 foi o grupo Transportes, cujos preços dispararam 21,03% devido principalmente à alta de 49,02% dos combustíveis.
“Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Também se destacou o preço dos automóveis novos (16,16%) e usados (15,05%), devido ao desarranjo na cadeia produtiva do setor automotivo.
Os outros principais impactos no ano passado vieram das altas acumuladas de 13,05% de Habitação e de 7,94% de Alimentação e bebidas. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021, de acordo com o IBGE.
Em Habitação, a energia elétrica subiu 21,21% no ano passado em meio a reajustes tarifários e aumento das bandeiras. Já entre os alimentos o café moído, com avanço de 50,24%, e o açúcar refinado, com alta de 47,87%, pesaram nos bolsos dos consumidores.
DEZEMBRO
No último mês de 2021, o IPCA mostrou avanço de 0,73%, de 0,95% em novembro, mas também acima da expectativa de uma taxa de 0,65%.
A maior variação foi registrada pelo grupo Vestuário, de 2,06%, mas o maior impacto partiu da alta de 0,84% de Alimentação e bebidas.
Destacaram-se os aumentos nos preços do café moído (8,24%), das frutas (8,60%) e das carnes (1,38%) em dezembro.
“No caso das carnes, além do aumento da demanda no fim do ano, houve a questão do embargo chinês, imposto em setembro e retirado em meados de dezembro”, disse Kislanov.
Apesar da desaceleração da alta dos preços no final do ano, as pressões inflacionárias seguem pesando sobre o BC. Em sua última decisão de política monetária, no começo de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros a 9,25% ao ano.
No comunicado, o BC já indicou aumento novamente e 1,5 ponto no encontro de fevereiro, levando a taxa para 10,75%. A pesquisa Focus mostra que os especialistas consultados pela autoridade monetária veem a Selic a 11,75% ao final deste ano, com a inflação em 5,03%.
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