“O ano de 2018 nos convida ao trabalho. Nos convida à união das forças revolucionárias. Unidos, nós somos invencíveis, unidos não há forma de que a direita possa nem sequer nos fazer cócegas”, disse Diosdado Cabello ao começar este ano as sessões da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
Por outro lado, o início, no dia 11 de janeiro, de uma nova fase de diálogo na República Dominicana, com o acompanhamento de vários chanceleres da região, pode ajudar os planos de unidade da oposição, carente de liderança e credibilidade.
Na República Dominicana há muito em jogo. Grande parte dos que concorreram nas eleições tem a esperança de que este diálogo possa alcançar os acordos necessários para uma convivência entre governo e oposição que permita melhorar o clima político em um ano de eleições presidenciais e concertar estratégias para recuperar a economia da nação.
O desafio para a oposição nas próximas eleições presidenciais, segundo diferentes análises, é alcançar um candidato único, com um programa e propostas para solucionar os diferentes problemas socioeconômicos da população, algo que não se vislumbra em uma direita que até agora carece de um rumo.
Entre os alertas das forças de esquerda há alguns que recordam que a única vitória da oposição em 18 anos ocorreu em dezembro de 2015, quando atingiu o controle da Assembleia Nacional com uma mensagem de unidade, embora a ambição de seus líderes tenha jogado por terra esse esforço.
Outro grande desafio para a direita é apagar as suas digitais dos atos de violência que promoveram em 2017, e trabalhar para ter um candidato presidencial único, algo que hoje alguns consideram impossível.
Ao que parece, entre os opositores há um espírito “autocrítico”. O agora ex-presidente do Parlamento (em desacato), o deputado opositor pelo PJ (Primero Justicia), Julio Borges, ao deixar o cargo máximo responsável pelo legislativo chamou à unidade da oposição para “sair do caos”.
“Apelo à unidade. Não há problema, não há repto ou desafio, por mais difícil que seja, que nós, juntos e unidos, não possamos superar”, assegurou Borges em seu discurso de despedida aos deputados opositores presentes na primeira sessão do ano, o que é um reconhecimento tácito dos problemas existentes nas fileiras antichavistas.
Mas se os setores da oposição se encontram, como alguns afirmam, “contra a parede”, o bloco de esquerda também está obrigado a trabalhar forte durante este ano para somar mais votos ao respaldo que tem.
O chavismo deve necessariamente trabalhar e direcionar parte de seus programas de benefícios sociais para atingir a classe média, um setor agora indeciso e que pode ser o fiel da balança em dezembro, já que a oposição também controla uma porcentagem de simpatizantes que votarão unidos se houver um candidato único.
Os vermelhos ganharam as eleições municipais e regionais de 2017, mas para as próximas eleições presidenciais, nas quais o eleitorado será de cerca de 21 milhões de pessoas, será necessário conquistar mais de nove milhões de votos favoráveis.
Segundo o analista venezuelano Carlos Enrique Dallmeier, o Polo Patriótico deve aumentar em uns três milhões os sufrágios de sua faixa eleitoral para ter uma cifra vencedora nas próximas eleições presidenciais, não tendo que contar então com a abstenção e a divisão dos opositores.
Acrescenta Dallmeier que o chavismo já conta com o apoio da maioria dos setores mais desfavorecidos, não restando, portanto, a menor dúvida que qualquer aumento no voto virá dos grupos médios, sobretudo em seus estratos inferiores.
Não obstante, o analista destaca a pouca margem de manobra do governo para atender eficientemente os requerimentos básicos destes setores médios da população, por isso a importância de conformar a ofensiva econômica que desenvolvem as autoridades em seus primeiros meses do ano.
Assim, “el Petro” (1) será a ponta de lança para atrair divisas aos cofres do país permitindo superar o férreo bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos e alguns de seus aliados, o que permitiria aliviar as carências alimentícias, de medicamentos e outros insumos de que necessita a Venezuela, segundo afirma o presidente Nicolás Maduro.
Ainda segundo Carlos Dallmeier, “as eleições se ganham ou se perdem nas feiras, nos mercados e supermercados”, e são os setores médios os mais afetados pela agressão econômica lançada desde o exterior com apoio de setores internos, já que a burguesia ainda desfruta do que acumula.
Neste processo destacam-se as leis que podem ser aprovadas pela ANC, cujo reconhecimento pode ser alcançado no diálogo dominicano e que deve ser um dos objetivos dessas negociações para estabelecer um equilíbrio de convivência pacífica entre governo e oposição.
Outro elemento a ter em conta para dezembro de 2018 é o abstencionismo que tornou mais fácil as vitórias da esquerda, algo que não deve acontecer se os opositores conseguirem um candidato único e apresentarem um programa com tons nacionalistas e menos comprometido com a política estadunidense.
“Em 2018 teremos novos desafios em Nossa América. A unidade deve ser princípio e premissa fundamental das resistências, lutas e triunfos contra o imperialismo. Mas além da noção de integração, nos referimos a verdadeira UNIÃO, a originária, a bolivariana”, escreveu o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza.
Na Venezuela… “Haverá eleições presidenciais este ano. A consciência dos povos que têm Bolívar como guia e exemplo se imporá à inconsciência das elites submissas que existem e preservam privilégios graças à Doutrina Monroe e ao empenho divisionista de dominação sobre nossos povos”, apontou o dirigente bolivariano.
* Luis Beatón é correspondente-chefe da Prensa Latina na Venezuela. Fonte: Prensa Latina com tradução da redação do Resistência.