No último artigo (UM VICE QUE DÁ ARREPIOS MAS PODE SER ESTRATÉGICO) tentei fazer um balanço sobre que efeitos positivos poderia ter, para a candidatura de Lula à Presidência, o lançamento de Geraldo Alckmin como seu vice.
Falei da possível chancela de Alckmin pelo PSB, um partido em que há até votos para algumas matérias de interesse do presidente genocida, mas a maioria parlamentar e a direção identificam-se com a esquerda. Aliás, PSB e PT já antecipam uma federação com vistas a 2022.
Lembrei da avaliação de Marcos Coimbra (Vox Populi) de que o PT só venceu com “vices de partidos de centro”. E de que uma exigência do PT ao PSB seria a candidatura de Fernando Haddad a governador de São Paulo, tida como vitoriosa se não tiver Alckmin como adversário.
O PT ganharia no estado mais populoso do Brasil, com maior base operária e maior PIB. Assim como a maior representação parlamentar, o que pode ser decisivo para a estabilidade do governo de Lula e para aprovar a pauta legislativa de que não abrimos mão.
Mas os argumentos contrários não são despropositados: a longa trajetória na direita de Alckmin, a história de repressão a movimentos sociais e de trabalhadores, além do apoio ao golpe contra Dilma Rousseff.
A alguns leitores mais indignados com a alternativa Alckmin pareceu que essa é a minha preferência para vice de Lula, escapando-lhes que o texto tinha apenas sentido analítico.
É preciso dizer que os atuais índices de Lula nas pesquisas são um retrato deste momento. É uma tendência e não há no horizonte perspectivas de grandes mudanças, mas não há ainda uma garantia de vitória.
Apoios não são desprezíveis, embora seja verdade que não se pode aceitar qualquer apoio e nem submeter a eles o que é fundamental em nosso programa. Convenhamos, porém, que Lula tem deixado claro a quem tem acompanhado suas entrevistas e declarações o seu compromisso com os setores populares.
Tem também repetido que essa decisão deve se dar por volta de março do ano que vem. Por enquanto, há só especulações, por mais fundamentadas que sejam.
A determinação do PT, por exemplo, de lançar Haddad a governador praticamente frustra uma aliança em São Paulo com o PSB que insiste com a candidatura de Márcio França.
Apesar disso, postulantes a governos do PT em vários estados incentivam a composição, na expectativa de que trouxesse para os suas candidaturas apoios de setores resistentes ao Partido.
Isso nada tem a ver com a minha preferência por quem queria ver na companhia de Lula. Cada um de nós tem direito a fazer a sua torcida por algum nome e argumentar em seu favor. Lula chegou a exagerar e dizer que já se falou em 220 possibilidades.
Se querem ver nomes que eu pessoalmente gostaria de ver como vice, posso listar alguns e vários ainda sequer foram cogitados.
Imagino que o ideal seria uma mulher negra, como Djamile Ribeiro, feminista, escritora e mestra em Filosofia Política.
Outras hipóteses de candidaturas de mulheres seriam a empresária Luíza Trajano (no padrão José de Alencar) e Manuela d’Ávila, resgatando o papel cumprido em 2018.
Eu gostaria também de ver nomes com forte conotação social, como João Pedro Stédile, dirigente do MST, Guilherme Boulos, do MTST, ou o padre Julio Lancellotti, conhecido por seu trabalho com moradores de rua.
E há quem merecesse completar a chapa de Lula por sua expressão política, como o governador maranhense Flávio Dino (PSB), o ex-senador e ex-governador paranaense Roberto Requião (PMDB) ou o senador Randolfe Rodrigues (Rede).
Todos e todas eles atrairiam apoios para Lula, além de confirmar o seu compromisso com o povo brasileiro.
Mas significado político e histórico especial teria uma chapa formada por Lula e Dilma Rousseff.
Por Fernando Tolentino
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