Presidente vetou indenização para trabalhadores da Saúde incapacitados permanentemente ou mortos pela covid-19
“Bolsonaro mostra seu descaso aos que colocam em risco a vida para cuidar dos acometidos pela covid-19. Esse desamparo nos faz sentir sem proteção e desvalorizados”, afirma a auxiliar de enfermagem Débora Cristiano, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do ABC (SindSaúde ABC). Ela se refere ao veto do presidente à indenização proposta por parlamentares a agentes de Saúde incapacitados para o trabalho, após terem contraído covid-19.
O projeto foi de autoria dos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG) e Fernanda Melchiona (Psol-RS), e previa uma compensação de R$ 50 mil a profissionais da saúde que impactados permanentemente pela covid-19 – consequência da intensa exposição ao novo coronavírus. Bolsonaro ignorou a matéria, vetando-a completamente. Para a Rede Sindical UNISaúde, a ação do presidente não surpreende; ao contrário, corresponde ao descaso com que trata a pandemia desde o início.
“Essa decisão do presidente Jair Bolsonaro só reforça a nossa queixa (no Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda) e é mais uma atitude dele que demonstra seu descaso e agressão aos trabalhadores da saúde”, disse o secretário regional da UNI Américas, Márcio Monzane, em referência a uma denúncia coordenada pela entidade de que Bolsonaro comete crime contra a humanidade e genocídio durante a gestão da pandemia.
Conjunto
O veto ao auxílio não é a primeira ação de Bolsonaro oposto ao cuidado, tanto com profissionais de saúde, como da população em geral vítima da covid-19. Desde o início da pandemia, em março, o presidente desdenha do vírus. Sempre defendeu que medidas de isolamento não fossem tomadas. “Abrir o comércio é um risco que eu corro. Se agravar, vai cair no meu colo”, disse no dia 17 de abril. Naquele dia, o Brasil tinha 2.141 mortos pela doença. Menos de quatro meses depois, o país passa de 100 mil mortos.
A UNISaúde lembra também de outras situações de irresponsabilidade. “O veto à ajuda aos profissionais de saúde é apenas mais um golpe do governo federal contra esses trabalhadores. Levantamentos (…) mostram que o presidente já publicou ao menos oito vetos que prejudicam esses trabalhadores. Além do veto do projeto de indenização de R$ 50 mil, está o de nº 17, que congela os reajustes de salários dos servidores da saúde. As entidades cobram de deputados e senadores que rechacem o veto”, afirma a entidade, em nota.
Situação dos trabalhadores
Até o momento, 232.992 profissionais da Saúde já foram impactados pela covid-19. De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), menos da metade de todos os profissionais ativos sequer foram testados para a doença, o que mostra que a subnotificação massiva que o país vive também penaliza esses trabalhadores da linha de frente.
Edição: Fábio M. Michel
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