Professores universitários estão em greve há mais de 50 dias, e os técnicos-administrativos há quase 90 dias
Nesta segunda-feira (10), em meio à greve de docentes e técnicos-administrativos das universidades federais, o presidente Lula (PT) se reúne com reitores das universidades e institutos federais para discutir o futuro do financiamento e da infraestrutura dessas instituições. O encontro, realizado no Palácio do Planalto, contará com a presença dos ministros Camilo Santana (Educação) e Esther Dweck (Gestão), e terá como um dos focos principais, segundo o Metrópoles, o orçamento das universidades públicas, uma questão urgente diante da crescente insatisfação da comunidade acadêmica.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) aproveitará a oportunidade para pressionar por um aumento significativo no orçamento destinado às universidades. Atualmente, o orçamento federal para 2024 está fixado em R$ 6 bilhões, mas a Andifes argumenta que, para garantir a operação adequada e o desenvolvimento das instituições, seriam necessários pelo menos R$ 8,5 bilhões — um acréscimo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em relação ao valor previsto.
Esse pedido vem em um momento crítico. No início de 2024, cortes na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovados pelo Congresso Nacional reduziram ainda mais os recursos, inicialmente deixando as universidades com apenas R$ 5,8 bilhões. Somente após negociações com o Ministério da Educação (MEC) foi possível recompor parte desse valor, alcançando os atuais R$ 6 bilhões — ainda insuficientes segundo a Andifes. Em 2023, o orçamento foi de R$ 6,2 bilhões, evidenciando uma tendência preocupante de redução de recursos.
A reunião ocorre em um cenário de tensão crescente. Professores universitários estão em greve há mais de 50 dias, e os técnicos-administrativos há quase 90 dias. Ambos os grupos reivindicam não apenas melhores salários e a reestruturação de suas carreiras, mas também um aumento substancial nos investimentos para as universidades. A escassez de recursos, alegam, está afetando não só a capacidade de conduzir pesquisas, mas também a manutenção básica dos campi.
O movimento grevista reflete uma “genuína insatisfação” dos docentes, segundo líderes sindicais, que se dizem desiludidos com a falta de avanços significativos sob o governo Lula. Os professores destacam que, apesar de terem apoiado fortemente a eleição do atual governo, as promessas de melhoria nas condições de trabalho e financiamento ainda não se materializaram de forma satisfatória.
Durante o encontro, o presidente Lula também planeja apresentar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) específico para universidades e hospitais universitários. Essa iniciativa visa a um grande investimento em infraestrutura, com o objetivo de modernizar e expandir as instalações educacionais e de saúde mantidas pelas universidades federais.
O PAC, anunciado como parte de um esforço mais amplo do governo para estimular o desenvolvimento econômico e social, promete injetar um total de R$ 1,7 trilhão em todo o país nos próximos anos. Desses, R$ 1,3 trilhão estão previstos para serem aplicados até 2026, com mais R$ 0,4 trilhão planejados para depois desse período. Esse montante será dividido entre investimentos públicos e parcerias com o setor privado, além da cooperação com estados, municípios e movimentos sociais.
Fontes indicam que o governo federal vê nesta reunião uma oportunidade de negociar o fim da greve dos professores e técnicos. Nos últimos dias, uma comitiva de dirigentes da greve reuniu-se com a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) na tentativa de buscar um acordo.
A expectativa é que as discussões desta segunda resultem em avanços concretos que possam satisfazer pelo menos parte das demandas das universidades e de seus servidores, permitindo que o ano letivo possa ser concluído sem maiores interrupções.
Com informações do Brasil 247
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