Voto impresso custará 2 bilhões de reais e abrirá margem para fraudes na recontagem
Foto: Agência Câmara
A implementação do voto impresso no Brasil será uma corrida contra o tempo se for aprovada com vistas à eleição de 2022, custará ao menos 2 bilhões de reais aos cofres públicos e, além disso, será um duplo “retrocesso”.
Primeiro porque facilitará a compra e venda de votos, como na época do coronelismo; segundo porque o voto impresso abrirá margem para a manipulação dos resultados na hora da recontagem.
É o que afirma o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.
Barroso participou na quarta (9) de um debate na Câmara dos Deputados sobre o voto impresso, uma pauta encampada pela deputada Bia Kicis (PSL), aliada de primeira hora de Jair Bolsonaro.
Na oportunidade, o ministro disse que o Congresso tem total legitimidade para aprovar o voto impresso se quiser, e o Judiciário deverá respeitar a decisão. Mas se aprová-lo, o Legislativo estará criando uma “solução para um problema que não existe”.
É deve fazê-lo ciente de que o sistema ficará “pior”, alertou.
O sistema de votação eletrônico usado hoje no Brasil está fora do alcance de hackers, é auditável e não há, em sua história de mais de 25 anos, nenhuma prova de fraude eleitoral.
Sua mudança interessa a Bolsonaro, que elabora um álibi ou motivo para mobilizar seus apoiadores em uma eventual derrota nas urnas em 2022.
Se perder a tentativa de reeleição, o extremista de direita poderá gerar tumultuo processual pedindo recontagem de votos – e, este sim, segundo Barroso, é um processo sujeito a fraude, pois “os votos passam a ser manipuláveis na hora de recontagem ou do transporte e armazenamento das urnas”, anotou a Agência Câmara a partir da explanação do ministro.
De PSOL a PSDB, deputados manifestaram-se contra o projeto de lei. O deputado federal Rodrigo de Castro admitiu, inclusive, que o PSDB não encontrou provas de fraude eleitoral quando pediu verificação das urnas na corrida presidencial de 2014, quando Aécio Neves foi derrotado por Dilma Rousseff.
“Ao final, concluímos que não havia indícios nem de adulteração, nem de violações”, afirmou.
Segundo informações do Estadão desta quinta (10), o governo Bolsonaro já tem maioria na Câmara para aprovar o voto impresso.
Nesta quinta (10), o GGN publicou artigo do cientista político Luís Felipe Miguel defendendo que o voto impresso merece atenção.
Para ele, a impressão do registro de voto pela urna eletrônica trará maior confiabilidade e sensação de segurança aos eleitores. Leia mais aqui.
O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, também defendeu que o voto impresso seja debatido e rejeitou a ideia de que a pauta só interessa ao bolsonarismo.
Com informações da Agência Câmara
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