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Inquérito da Polícia Federal mostra que o general Luiz Eduardo Ramos e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), ligada ao Gabinete de Segurança Institucional chefiado pelo general Augusto Heleno, atuaram na busca de informações contra as urnas eletrônicas desde 2019, informa Fabio Serapião na Folha de S.Paulo.

Altos oficiais das Forças Armadas e instituições de governo estão sendo usados por Jair Bolsonaro em sua ofensiva contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no questionamento sobre supostas fragilidades no sistema eletrônico de votação. 

Serapião relata que o técnico em eletrônica Marcelo Abrieli, relatou em depoimento à PF que foi procurado ainda no primeiro ano de governo, em 2019, pelo general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, para convidá-lo a participar de uma reunião com Bolsonaro no Planalto. O tema do encontro era “indícios de fraudes” nas urnas.

Abrieli conta que, além do general Ramos e Bolsonaro, participaram da reunião cerca de oito pessoas. O técnico em eletrônica disse à PF que relatou suas descobertas sobre a possível fraude no pleito de 2014 e que as outras pessoas também apresentaram informações sobre possíveis falhas nas urnas.

Questionado pela PF sobre quais informações seriam essas, Abrieli disse não se recordar do conteúdo das apresentações.  

O técnico em eletrônica afirmou também que entre junho e julho de 2021 foi novamente procurado pelo general Ramos. Segundo ele, o contato foi feito quando Bolsonaro estava junto com o general e a ligação foi colocada no viva voz

Além de Ramos, Augusto Heleno, militar que chefia o Gabinete de Segurança Institucional e, por consequência, a Abin, também atuou para obter desinformação contra as urnas.

O perito criminal da PF Ivo Peixinho, especialista em crimes cibernéticos e responsável por testes nas urnas eletrônicas, disse em depoimento à PF que entre 2019 e 2020 o governo federal, por meio da Abin, buscou informações sobre a segurança no sistema eleitoral brasileiro.

O perito conta que “em 2019 ou 2020” a Abin, sob o comando de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro e chefiado por Heleno, enviou uma consulta “sobre informações sobre ocorrências ou atividades envolvendo urnas eletrônicas nas eleições”.

Embora não apontasse para qualquer possibilidade de fraude, o material produzido nos testes por Peixinho e outros peritos da PF foi utilizado em uma live de Jair Bolsonaro em que ele tornou públicas teses conspirativas e acusações infundadas contra a urna eletrônica.  

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