Condenado sem provas por supostas reformas num imóvel da OAS localizado na cidade de Guarujá (SP), num processo que jamais poderia ter sido julgado no Paraná, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso para que não possa participar das eleições presidenciais de 2018, que ele provavelmente venceria em primeiro turno. É uma situação tão absurda, que personalidades do mundo inteiro já o consideram um preso político, como, por exemplo, o professor Antoine Acker, da Universidade de Zurique, na Suíça (leia aqui).
Encarcerado e condenado a mais de doze anos de prisão, numa sentença contestada por juristas do Brasil e do mundo, Lula, em diversos momentos, foi aconselhado a desistir de suas pretensões presidenciais. O que se dizia era que, em caso de recuo, ele ganharia a sua liberdade – o que abriria uma possibilidade para que o golpe de 2016, que teve início com a derrubada sem crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff, pudesse se legitimar através do voto.
Nesta quarta-feira, no entanto, em carta à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lula deu uma demonstração de sua estatura política ao decidir se sacrificar, em nome da volta da democracia ao Brasil. Lula não recuou, reafirmou sua candidatura (leia aqui) e, horas depois, o Supremo Tribunal Federal decidiu que ele permanecerá preso (leia aqui). Ou seja: Lula decidiu pagar um preço pessoal altíssimo para que o Brasil não se renda de vez ao golpe. Com isso, ele mantém o impasse político, que poderá obrigar o Poder Judiciário a cometer uma nova agressão à democracia brasileira, impedindo que a sua candidatura seja registrada – o que fere a lei eleitoral.
O que as pesquisas deixam claro, no entanto, é que, como o povo brasileiro já se deu conta da farsa, Lula vence as eleições mesmo de dentro da cadeia. Enquanto isso, as forças golpistas se mostram incapazes de produzir uma candidatura viável. Lula não se dobrou ao golpe porque sabe que o Brasil merece democracia.
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