“As pessoas vão ter que ser punidas, mas esses fatos podem acontecer”, disse Moro; porta-voz da Presidência da República usou o mesmo termo para se referir ao acontecimento e o presidente Jair Bolsonaro não se manifestou
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se referiu ao fuzilamento do carro de uma família no último domingo, no Rio de Janeiro, como “incidente”. Moro também destacou a ação da justiça militar, que determinou a prisão em flagrante de dez militares envolvidos na ação.
“Foi um incidente bastante trágico. O que eu vi, porém, é que de imediato o Exército começou a apurar esses fatos e tomou as providências que foram cabíveis”, disse Moro em vídeo para o programa Conversa com Bial . “Os fatos vão ser esclarecidos. Se houve ali um incidente injustificável de qualquer espécie, o que parece ser o caso, as pessoas vão ter que ser punidas, mas lamentavelmente esses fatos podem acontecer”, completou.
Como Moro, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, também classificou o fuzilamento como um “incidente”. “A questão referente ao incidente com a morte do cidadão, eu repito: o Comando Militar do Leste e o Exército Brasileiro estão apurando os eventos em um inquérito policial militar, que está sendo acompanhado pela Justiça Militar e Ministério Público”, disse ao ser questionado se o fuzilamento causava constrangimento ao Planalto.
O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto, nem oficialmente, nem pelas redes sociais. Na última terça-feira (9), Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro não fez nenhuma manifestação de pesar pelo acontecimento.
Nesta quarta-feira (10), as declarações do Ministro e do porta-voz repercutiram nas redes sociais. No Twitter, a palavra “incidente” figurou entre os assuntos mais comentados do país. A maioria das reações eram de indignação.
No domingo (7), o Exército disparou mais de 80 vezes contra o carro onde estava uma família. Evaldo dos Santos Rosa, que dirigia o veículo, morreu na hora e seu sogro, Sergio, ficou ferido. Eles estavam a caminho de um chá de bebê quando foram surpreendidos pelo ataque das Forças Armadas.
O Exército afirmou inicialmente que teria agido em legítima defesa e que as vítimas eram assaltantes. Mais tarde, disse que os depoimentos dos militares envolvidos no fuzilamento apresentaram inconsistências e dez dos 12 que foram interrogados tiveram a prisão preventiva decretada .
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