Em livro, o general que postou mensagens ameaçando os ministros do Supremo na véspera do julgamento que poderia libertar Lula em 2018 revela que o recado foi articulado junto do Alto Comando do Exército. Um dos motivos era o aumento de pedidos de intervenção militar por empresários e ‘pessoas da sociedade’
Comandante do Exército nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, o general Eduardo Villas Bôas revelou o que seria o componente militar do golpe de 2016. As declarações fazem parte do livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”, recém-lançado pela Editora FGV, a partir de depoimentos concedidos pelo general.
Segundo o militar, as mensagens postadas por ele via Twitter em 2018 na véspera do julgamento do Supremo Tribunal Federal que poderia soltar o ex-presidente Lula foram articuladas e “rascunhadas” em conjunto com o Alto Comando da instituição.
“O texto teve um ‘rascunho’ elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20 horas, momento que liberei para o CComSEx (Setor de comunicação do Exército) para expedição”, descreveu, segundo reportagem do Globo.
A entrevista foi concedida ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019, tem mais de 13 horas de duração e foi comandada pelo professor e pesquisador Celso de Castro. Nela, Villas Bôas afirma que dois motivos principais moveram o Alto Comando do Exército a adotar a ofensiva.
Uma delas foi o aumento de pedidos por intervenção militar por parte de empresários e pessoas da sociedade civil. Em sua versão, as mensagens tiveram o objetivo de conter uma possível convulsão social.
À época, em abril de 2018, Villas Bôas tuitou:
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.
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