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“Do jeito que a Lava Jato foi divulgada, acabou parecendo que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, e que as empresas brasileiras exportavam corrupção. Não é verdade —nem uma coisa nem outra. Mas nossos competidores no mundo souberam tirar vantagem disso”, diz o empresário Marcelo Odebrecht, que ficou quatro anos preso

O empresário Marcelo Odebrecht concedeu sua primeira entrevista depois que passou quatro anos preso, à jornalista Bruna Narcizo, da Folha de S. Paulo, e apontou os danos causados pela Operação Lava Jato à imagem do Brasil e das empresas brasileiras. “Do jeito que a Lava Jato foi divulgada, acabou parecendo que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, e que as empresas brasileiras exportavam corrupção. Não é verdade —nem uma coisa nem outra. Mas nossos competidores no mundo souberam tirar vantagem disso. Vários países culpam a Odebrecht. Essa é uma questão que vamos ter de superar”, disse ele.

Marcelo Odebrecht também fez uma defesa enfática do BNDES, contra a acusação de que seria uma caixa-preta, e falou em detalhes do financiamento a Cuba, para a construção do porto de Mariel. “Até antes da Lava Jato, nenhum projeto nosso teve default [termo usado na economia como sinônimo descumprimento de acordo para pagamento]. Nenhum governo que a gente atuava entrou em default. Era uma coisa que a gente fazia questão de acompanhar, porque sabíamos que podia matar a galinha dos ovos de ouro. Por isso, a gente acompanhava de perto. Agora, depois da Lava Jato, com a destruição que foi feita da nossa imagem no exterior, ficou difícil de a gente ficar no pé dos governos para que os financiamentos fossem pagos”, disse ele.

“Por exemplo, a questão do porto de Mariel, em Cuba. Estão dizendo que tem um default de Cuba com o Brasil. Mas veja bem, o que o Brasil tinha que pagar de Mais Médicos [pelo acordo, o governo brasileiro pagava apenas uma porcentagem aos profissionais, o restante ia para o governo cubano]. Era menos do que Cuba tinha que pagar para o Brasil. Agora, o Brasil vai e acaba com o Mais Médicos. Quer dizer: o Brasil acabou com a fonte de recurso que ajudava Cuba a pagar o financiamento. 

Se a gente fosse a Odebrecht de antes da Lava Jato, no momento em que a gente percebesse que o governo está ameaçando o Mais Médicos, nós teríamos usado de nossa influência para tentar manter o programa. Não em cima de nada ilícito, mas provando ao governo que o Mais Médicos é que iria pagar o financiamento que Cuba pegou do Brasil. Essa capacidade de negociar, de certo modo, a gente perdeu. A gente ajudava para que a geopolítica dos países fosse bastante fluída”, afirmou.


O Brasil não é do Bolsonaro, nem dos generais!

O presidente Lula publicou neste domingo 8/XII um vídeo em seu canal no YouTube para falar sobre diversos assuntos em alta neste momento: preço da carne, cobertura do Jornal Nacional sobre a farsa do “quadrilhão” e o pacote “anticrime” de Sergio Moro.

Acordo prevê duas saídas de Marcelo Odebrecht de casa em 2 anos e meio

Acordo prevê duas saídas de Marcelo Odebrecht de casa em 2 anos e meio (Foto: Reprodução/TV Globo)

“No dia da acusação [pelo suposto “quadrilhão”] o Jornal Nacional deu 12 minutos e 30 segundos para a denúncia do Ministério Público. Na hora em que o juiz recusa a denúncia, a Globo dá apenas 52 segundos no Jornal Nacional”, disse Lula, reafirmando a perseguição do PiG ao PT.

Lula também falou sobre uma “vitória parcial”, após a Câmara dos Deputados recusar o projeto “fascista” anticrime de Sergio Moro, ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.

“Ainda tem gente que não compreende, mas foi importante o comportamento dos setores de esquerda no Congresso, que votaram o projeto principal com as mudanças e depois votaram emendas não permitindo que o projeto fosse aprovado como o Moro queria. O Moro queria um projeto em que ele e a Polícia pudessem tudo e o povo não pudesse nada”, prosseguiu Lula, que parabenizou os parlamentares de esquerda que diminuíram “o apetite miliciano” nessa lei de “combate ao crime”.

Lula também disse que, aos poucos, o Congresso Nacional e a sociedade vão despertando para o real objetivo do governo Bolsonaro.

“As pessoas não querem participar do desmonte do Brasil, da destruição do Brasil”, afirmou.

“Não é possível que o Brasil seja o país que tem o maior rebanho de gado do mundo, que seja o maior produtor de proteína animal do mundo, mas que o povo pobre não possa comprar carne, porque o Brasil tem que exportar tudo, pouco se lixando para o hábito alimentar do povo”, disparou Lula, em referência à desenfreada alta no preço da carne.

“Não desanimem nunca! Em vez de ficar em casa se escondendo, temos que ir para a rua e dizer: o Brasil é nosso! Não é do presidente, não é de general, não é de economista. É do povo brasileiro! Não adianta a Bolsa estar alta se o povo não tem dinheiro; não adianta o PIB crescer se não tem distribuição de dinheiro; não adianta a gente falar em economia se a gente não fala em desenvolvimento, geração de emprego e distribuição de renda”, defendeu.

Assista ao vídeo na íntegra

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