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A desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), alerta que a Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para combater o tráfico de drogas e armas nos portos e aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, pode levar o Primeiro Comando da Capital (PCC) a transferir suas atividades ilícitas para outros locais menos monitorados no país.

“Os militares das Forças Armadas vão ajudar a prender a ponta do iceberg. Essa ação não atinge o coração e o cérebro das facções criminosas”, disse a desembargadora.

Ela possui mais de três décadas de experiência acompanhando processos judiciais relacionados à facção paulista, explicando que a presença das Forças Armadas nos portos e aeroportos contemplados pela operação pode temporariamente inibir as operações do tráfico internacional, mas não impede que o PCC reorganize suas atividades em outras áreas do território nacional.

“Estamos em um país continental. Claramente, quando se impõe uma GLO em dois ou três portos e aeroportos, ela vai gerar uma saturação naqueles locais. Com a presença dos militares, obviamente, o crime organizado ou vai recuar com a GLO presente, ou procurar outros portos e aeroportos para a saída da droga do país”, afirmou Ivana David.

A ação das Forças Armadas, composta por militares da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB), pretende prender suspeitos em flagrante e apreender cargas ilegais, especialmente de drogas e armas, intensificando as ações de segurança já em andamento nos portos e aeroportos por forças federais, estaduais e municipais.

Com 350 homens atuando no Porto de Santos, os fuzileiros navais iniciaram suas operações no litoral de São Paulo. Enquanto isso, a infantaria da FAB, composta por 120 militares, está sendo deslocada para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Porto de Santos é a principal saída de drogas para a Europa. Foto: reprodução

A desembargadora também ressaltou a importância de um trabalho de inteligência para combater efetivamente as atividades ilícitas das facções criminosas, já que a operação atual não aborda o cerne e a estrutura do PCC.

Santos, principal ponto de saída de cocaína para a Europa via marítima, representa um lucro anual de pelo menos R$ 10 bilhões para o PCC.

Antes da GLO, a atuação da Marinha nos portos se limitava a inspeções de caráter administrativo, mas agora, com as novas prerrogativas concedidas pelo decreto presidencial, os militares estão autorizados a realizar revistas minuciosas em bagagens e contêineres.

Com informações do Diário do Centro do Mundo

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